Festejos em honra do Senhor Jesus dos Navegantes decorrem até domingo
Na sequência de alguns acidentes fatais, mas também devido à crescente afluência à praia da Cruz Quebrada, a REFER procedeu, em meados de Julho, ao encerramento do acesso poente ao areal a partir da linha de caminho-de-ferro. A intenção era boa, mas não parece estar a resultar em pleno. Em poucos minutos presente no local, o JR assistiu a algumas manobras arriscadas por parte de pessoas que preferem contornar o bloqueio criado à anterior passagem do que acederem, em segurança, às passagens inferiores desniveladas existentes a poucos metros de distância, tanto a poente como a nascente. Testemunha privilegiada dos atravessamentos da linha férrea, Fernando Carriço, que gere o Bar da Raia, no interior da estação da Cruz Quebrada, deposita pouca fé na medida tomada pela REFER. “Tinha de ser uma barreira mais alta, uma grade de ferro, por exemplo, que impedisse mesmo qualquer tentativa de passagem, porque há muita gente que, mesmo vendo os avisos, não abdica de ir pelo caminho a que estavam habituados”, disse ao JR, embora admitindo que algumas pessoas possam não ver devidamente os cartazes de alerta, talvez demasiado extensos e, ainda por cima já com grafitos a dificultarem a leitura. “Talvez devessem ter poucas palavras e uma seta enorme, senão as pessoas não percebem ou nem se dão ao trabalho de ler...”. O comerciante dá alguns exemplos do que não deveria estar a acontecer, mas que é uma realidade: “Já vi avós a passarem com os netos pelo muro,que é um palmo de largura, passam os miúdos para baixo e depois descem eles também”. Uma situação que,
garante, se multiplica por muitas vezes ao fim-de-semana. A talho de foice, um cliente do bar lembra outro caso: “No outro dia um homem até ficou amarelo porque quase caía à linha, depois de ser apanhado de surpresa pela passagem de um comboio a alta velocidade – segundo disse, pensava que todos os comboios param na estação, o que não é verdade”. Fernando Carriço recorda, ainda, a última colhida de que tem registo, há cerca de dois meses. “Era um jovem, que ia de capuz e com auscultadores, passou por detrás do comboio de onde acabara de sair e não viu, nem ouviu, o outro que vinha em sentido contrário”. Depois disso, aconteceu outra morte, mas “foi suicídio”... Para a REFER, o objectivo da intervenção foi baixar o risco de acidente, que vinha aumentando com o crescendo de pessoas que atravessavam a linha não como utentes da via férrea, mas como forma de aceder à praia. Para além do barramento do acesso ao areal com pedras e um pequeno muro, a REFER viria a complementar a intervenção concretizando, a 25 de Julho, o processo de automatização do atravessamento de nível naquela estação, numa operação “inserida num conjunto de acções implementadas visando a melhoria das condições de segurança e mitigação do risco dos atravessamentos de nível com vista à redução do número de acidentes”, segundo explicou, então, a empresa. Embora a medida não esteja a resultar em pleno na Cruz Quebrada, pelo menos algumas pessoas acataram as instruções e seguem agora, em segurança, para o túnel de acesso. “Eu passei a vir pelo caminho recomendado, são só uns metros... mas continuo a ver um senhor de idade a descer e a trepar o muro junto à linha para aceder à praia”, disse ao JR Mercedes Coelho, moradora na zona.
Jorge A. Ferreira
Sem comentários:
Enviar um comentário