terça-feira, 28 de agosto de 2012

Mar de gente na Praia das Maçãs


Procissão em honra de Nossa Senhora da Praia

Cumprindo uma tradição que remonta a 1896, milhares de pessoas assistiram, no domingo, à procissão de Nossa Senhora da Praia, que, como habitualmente, terminou em pleno mar da Praia das Maçãs. Inúmeros devotos acompanharam a procissão ao longo das ruas da localidade da freguesia de Colares, após a missa realizada na Capelinha, culminando a deslocação no areal, onde se juntaram aos banhistas que, nesse dia, aproveitaram os raios de sol do último fim-de-semana de Agosto. Uma tradição com mais de 120 anos que surgiu na sequência da construção de uma ermida por Alfredo Keil, inspirado pela lenda de que teria sido encontrada uma imagem de Nossa Senhora junto às rochas da Praia das Maçãs. Após a morte do autor do Hino Nacional, em 1907, o culto foi interrompido, mas a tradição voltou a ser o que era, desde há cerca de 30 anos, por iniciativa de moradores e veraneantes. Além da padroeira das Maçãs, transportada por nadadores-salvadores, a procissão contou com mais oito andores, entre os quais Nossa Senhora do Carmo (padroeira dos surfistas da Praia das Maçãs), Nossa Senhora dos Mares (imagem venerada na capela das Azenhas do Mar) e São Marçal (padroeiro dos Bombeiros de Colares), acompanhados, a par da charanga da GNR, das bandas de Colares e do Mucifal. A entrada nas águas frias do Oceano voltou a contar com o lançamento de pétalas de rosa, em terra e pelo ar, neste caso provenientes de um avião particular, conferindo um simbolismo particular ao momento. Uma manifestação de fé que reúne cada vez mais devotos de vários pontos da região. "Trata-se de uma procissão bonita, invulgar, que tem a componente do mar, e que, de ano para ano, atrai cada vez mais gente, até porque as pessoas vão passando a palavra", realça Ricardo Hogan, vice-juiz da Irmandade de Nossa Senhora da Praia, a justificar o ‘mar de gente’ que esta procissão reúne de ano para ano. Este ano, Nossa Senhora da Praia foi transportada num novo andor, em talha dourada do século XVIII, oferecido pela paróquia de Santa Isabel, em Lisboa. Apenas com vertente religiosa, os festejos serviram de pretexto, este ano, para uma emissão em directo da TVI, ao longo da tarde de domingo, que trouxe muitos artistas ao areal da Praia das Maçãs. Durante a emissão, o presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara, destacou a importância da manutenção de tradições como a procissão de Nossa Senhora da Praia. "Estamos perante uma procissão centenária, criada e ligada a um homem que faz parte do simbolismo da Praia das Maçãs, Alfredo Keil, e é uma das procissões mais emblemáticas de Sintra, até pela entrada do andor nas sete ondas". "Um elemento marcante da ligação entre a terra e o mar", realçou o edil, destacando o facto das "gentes de Sintra" continuarem a manter tradições seculares, como aconteceu ainda recentemente com as festas de São Lourenço (Azenhas do Mar), Nossa Senhora da Assunção (Colares) e São Mamede (Janas). 
João Carlos Sebastião

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