quinta-feira, 30 de agosto de 2012

COSTA DA CAPARICA Movimento de cidadãos defende Transpraia


Desde que o cais de embarque do popular comboio de praia foi afastado do coração da cidade, negócio entrou em quebra

Um grupo de cidadãos da Costa da Caparica levantou-se em defesa do Transpraia e convocou para 15 de Setembro uma manifestação para impedir o fim deste comboio de praia que há 52 anos liga a frente urbana de praias da cidade à Fonte da Telha. A acção está marcada para as 16 horas, na praia da Riviera, junto às oficinas deste comboio tradicional. Neste encontro vai ser lembrado que o fim do Transpraia começou a ser ditado com o início das obras Polis da Costa da Caparica. Um programa que tem vindo a tropeçar de governo em governo e, com o actual, também ainda não viu luz verde para terminar o que ficou a menos de meio. Entretanto, este movimento ganha diariamente maior expressão na rede social Facebook através da página “Vamos impedir que acabem com o Transpraia na Costa”, e está a decorrer também uma petição pública dirigida à ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas, e à presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa. Nestes cinco anos de impasse do Polis o cais de embarque do comboio de praia foi arrastado da frente urbana de praias
para uma zona “escondida” junto ao bairro do Campo da Bola, e o seu proprietário, António Pinto da Silva, afirma ter dito aos responsáveis pelo programa, Câmara de Almada e Estado, que o Transpraia não conseguiria sobreviver. A resposta foi a promessa de que o comboio seria integrado num interface com o Metro Sul do Tejo (MST) e transporte rodoviário. “No primeiro ano ainda houve um autocarro a fazer a ligação entre a zona urbana da Costa da Caparica e o local de partida do Transpraia, mas nada mais”, lembra António Pinto da Silva. Sem MST – quem não se sabe se chegará à Costa – e autocarros e também longe do coração da cidade da Costa da Caparica e dos olhos dos turistas, o Transpraia perdeu os contratos com anunciantes que decoravam as carruagens e perdeu passageiros. No espaço de cinco anos, contas feitas até ao ano passado, “perdemos 75 por cento dos passageiros. Este Verão já perdemos mais 10 por cento”, contabiliza António Pinto da Silva que vaticina que este será o último Verão do comboio de praia. Agora o Transpraia tem como aliado um movimento de cidadãos que defende a “preservação da memória da Costa a Caparica”, afirma Sandra Simões, uma das organizadoras deste movimento. “As pessoas desta terra estão cansadas de ver desaparecer tudo o que faz parte do seu património cultural e arquitectónico, e o comboio de praia faz parte da sua história”, acrescenta. Evitar o fim de um ex-líbris Este movimento “espontâneo”, que “não tem qualquer ideologia política”, apenas “pretende evitar o extermínio de mais um ex-líbris” da Costa da Caparica, “sensibilizar os utentes e, eventualmente, cativar possíveis ‘sponsors’ que façam renascer o comboio”, refere Sandra Simões. “O Transpraia é uma mais-valia para o turismo da Costa da Caparica, mas para isso precisa de voltar a estar posicionado num local visível”. É esta ideia que está expressa na petição a ser enviada ao Ministério e à autarquia. “Com base neste princípio, preocupados com o futuro e desiludidos pelos erros da implementação do Programa Polis, vimos pedir a V. Exas. que no âmbito das suas competências intervenham junto da Sociedade Costa Polis, no sentido da manutenção do ponto de partida do ‘Transpraia’ no seu local original, ou nesta impossibilidade, na sua colocação junto à actual lota/equipamentos de apoio à actividade pesqueira”, assim termina a petição. Por seu lado, António Pinto da Silva, depois dos últimos anos alertar as várias entidades responsáveis pelo Polis de que a actual situação do Transpraia “não é sustentável” mostra-se cauteloso. “Esta iniciativa do movimento de cidadãos dá-me algum ânimo, mas isso só por si não chega”. É que o desgaste de um negócio “não se recupera facilmente. São necessários apoios financeiros para voltar a montar toda uma estrutura que se foi desgastando”. Uma das hipóteses, avança, “é conseguir fundos comunitários direccionados para a revitalização turística da Costa da Caparica e fazer renascer o Transpraia”.
Humberto Lameiras

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