terça-feira, 22 de junho de 2010

Monserrate recupera esplendor

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Parques de Sintra conclui primeira fase de restauro Após um investimento de um milhão e 100 mil euros, o Palácio de Monserrate começa a recuperar o seu esplendor, tal como foi idealizado por Francis Cook, visconde de Monserrate, que no terceiro quartel do século XIX o ergueu sobre a ruína de um outro imóvel. O abandono a que foi votado ao longo de décadas, começou a ser estancado em 2004, com a conclusão da recuperação da cobertura e das fachadas, com o passo seguinte a residir na primeira fase da reabilitação do interior do palácio. Com apoio de fundos EEA-Grants (Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu), na ordem dos 650 mil euros, acrescido de 450 mil euros de fundos próprios da Parques de Sintra-Monte da Lua (PS-ML), a intervenção iniciou-se em 2007 e foi dada como concluída na passada quinta-feira, numa cerimónia que contou com a presença das ministras do Ambiente, Dulce Pássaro, e da Cultura, Gabriela Canavilhas, e do presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara. Os ilustres visitantes, entre as quais se incluia a embaixadora da Noruega (Inga Magistad), tiveram oportunidade de constatar a reabilitação de infra-estruturas e dos principais espaços interiores do monumento. Para manter a traça original do imóvel, mas dotá-lo de todas as condições necessárias à fruição por parte dos visitantes, foi totalmente reabilitada uma galeria técnica, com instalação de novas redes de águas, esgotos, electricidade e aquecimento. No interior do palácio, foi instalado ainda um sistema de detecção e combate a incêndios, com detectores em todos os compartimentos. Para minimizar os danos resultantes da água, em situações de sinistro, recorreu-se a medidas de contenção de fumos e de primeira intervenção com recurso a extintores de pó químico e CO2. No exterior, foi implantada uma rede de hidratantes, alimentada pela cisterna existente, e um sistema de rega das coberturas, para combater eventuais chamas provenientes da vegetação. No domínio da iluminação, a aposta residiu na tecnologia LED e o aquecimento assenta na utilização da biomassa como combustível, após a instalação de uma nova caldeira a lenha. "O processo de restauro consistiu em realçar o que já existia; já falta muito pouco para recuperar o esplendor inicial. O Palácio foi infra-estruturado para poder receber reuniões, conferências e visitas e isso é importante em termos de dinamização dos espaços e do conforto dos visitantes", frisa António Lamas, presidente da sociedade PS-ML Além da biblioteca, que foi o primeiro espaço integralmente recuperado e que já assistiu, inclusivamente, a uma reunião de Conselho de Ministros, os trabalhos contemplaram a recuperação dos pisos superiores do Torreão Sul, que vão passar a receber conferências. Também uma antiga dependência de arrumos, no piso técnico, foi reabilitada e vai alojar funções de apoio aos eventos. Com o apoio da Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, tiveram lugar ainda várias intervenções de restauro, seja na capela, no corredor longitudinal, átrio sul, terraço e cozinha, com trabalhos no domínio dos estuques, pintura mural, cantarias, metais e azulejaria. Referência, ainda, para a recuperação do fogão, um exemplar inovador, já desactivado desde os anos 40 do século passado. "Todas estas intervenções decorreram à vista do público, tendo constituído um factor de valorização da visita, tanto ao nível da recuperação do património cultural (acompanhamento dos trabalhos e suas condicionantes específicas, estimular o interesse, estudo, divulgação e vocações), como do conjunto de meios humanos, técnicos e financiamento envolvidos", sublinham os responsáveis da sociedade que gere os parques históricos de Sintra. A partir de agora, a aposta reside no restauro dos estuques das salas que ainda não foram intervencionadas, em obras que António Lamas estima ainda atingirem cerca de 500 mil euros. "A começar pela Sala de Jantar, que será a primeira a ser restaurada porque está em melhores condições, a Sala da Música, onde têm que ser retocados os dourados, e vamos deixar para o fim a sala em pior estado, a chamada Sala Indiana, para que as pessoas tenham uma ideia de que das ruínas,com cuidado e saber, é possível chegar a resultados muito bons em termos de restauro". Mas, este responsável frisa que, agora que está estancada a ruína do monumento, as intervenções serão feitas paulatinamente. "Não temos nenhum calendário para acabar, porque o palácio é visitável, as reuniões podem-se realizar", justifica o presidente da PS-ML, mas que acaba por apontar para um prazo de "dois a três anos". Com o Palácio de Monserrate a ganhar novo fôlego, a sociedade de capitais públicos vai canalizar recursos para o parque, em especial a reabilitação do Vale dos Fetos, os lagos na base do relvado e concluir o Jardim do México. No restante património a cargo da PS-ML, uma das principais prioridades continua a assentar na recuperação do Chalet da Condessa, no Parque da Pena, que também está a beneficiar de fundos financeiros EEA-Grants.

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