Empresa Municipal vai assumir a gestão do parque situado junto ao Departamento de Urbanismo
O parque de estacionamento situado junto ao Departamento de Urbanismo, na Portela de Sintra, vai passar a ser pago. A gestão do espaço vai transitar para a EMES (Empresa Municipal de Estacionamento de Sintra), conforme deliberou o executivo municipal na última reunião camarária, realizada no passado dia 4 de Junho. A decisão acabou por merecer apenas os votos favoráveis da coligação ‘Mais Sintra’ (PSD-CDS/PP). Embora seja desconhecido ainda o tarifário a aplicar, os habituais utilizadores, em especial quem trabalha nos serviços públicos envolventes, como SMAS, Finanças e CTT, já ‘torcem o nariz’ à medida. "A maneira de resolver os problemas do país, é sacar dinheiro a quem trabalha", lamenta-se um munícipe, sobre o aumento das receitas municipais subjacente à cobrança de estacionamento. A decisão camarária é justificada, na proposta aprovada pelo executivo municipal, pela necessidade de "promover a regulamentação do espaço e
a rotação de lugares" e "impedir a saturação de estacionamento", mas também criar "acessos de peões e de veículos de emergência" e, ainda, "dar um novo aspecto estético ao local". Quotidianamente utilizado por quem trabalha na Portela, por se tratar da única grande bolsa de estacionamento gratuito, o parque é utilizado ainda por quem necessita de acorrer aos serviços públicos, sejam o Departamento de Urbanismo, SMAS, Finanças ou CTT. Também quem se desloca para a capital, através da Linha de Sintra, procura evitar o pagamento do parque situado no interface da Portela. O pagamento do estacionamento "já se fala há bastante tempo", reconhece um munícipe que preferiu o anonimato. Habitual utilizador deste espaço municipal, este munícipe alerta que quem trabalha na zona, é que vai ser penalizado com mais um encargo mensal. No caso dos SMAS, por exemplo, o edifício-sede acolhe mais de uma centena de trabalhadores. "Os SMAS e as outras empresas têm de assumir as suas responsabilidades e cumprir a lei: ter um conjunto de lugares reservados para os seus funcionários", adverte este munícipe. "Enquanto as pessoas que vêm aqui tratar de assuntos, poderão queixar-se do custo do estacionamento pago, pontualmente, quem trabalha vai ter mais dificuldades", salienta. Apesar de lamentar a decisão, este munícipe reconhece que aquele espaço carece de algumas mudanças. A começar pela melhoria dos espaços destinados a pessoas com mobilidade reduzida. Os espaços estão definidos, mas um deficiente depara-se com obstáculos intransponíveis, desde logo o acesso em escada. "Não há uma rampa, nem sequer um simples corrimão de apoio...". Entregue aos arrumadores, que vão gerindo o estacionamento a seu bel-prazer e à mercê das contribuições dos automobilistas, o espaço carece de ser delimitado, "não estar assim numa bandalheira", salienta, por seu turno, José Duarte Sebastião. Utilizador do parque de estacionamento, de quando em vez, nomeadamente quanto necessita de aceder, por exemplo, aos CTT, este munícipe considera que a vigilância devia ser assegurada "por alguém da Câmara" e não por arrumadores. "A gente vem tratar de um assunto, demora pouco tempo. Se for na zona de parquímetros, metemos 50 cêntimos ou um euro. Aqui, temos que dar o mesmo valor ao arrumador", lamenta José Duarte Sebastião. ‘Caça à receita’ Questionado pelo JR sobre esta decisão municipal, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria e São Miguel, Eduardo Casinhas, compreende que os municípios, como o de Sintra, "devem criar condições para obter mais recursos financeiros", mas também entende que, mais uma vez, será o munícipe a pagar. "Sendo um espaço onde as pessoas se socorrem para resolver algumas situações da sua vida particular ou da sua empresa, mais uma penalização vão ter com o estacionamento. E, como todos sabemos, os serviços não são céleres na resolução ou no atendimento, sejam as Finanças, os CTT ou mesmo o Departamento de Urbanismo", salienta o autarca. A freguesia de Santa Maria e São Miguel, que, juntamente, com São Martinho constituem as únicas com parquímetros, deixa de dispor de uma grande bolsa de estacionamento gratuito. Com a agravante, lamenta Eduardo Casinhas, da EMES estar, desde há poucos meses, numa autêntica "caça à receita". Por estes dias, "uma senhora que veio à Conservatória mostrar um papel, e estacionou mesmo defronte da Junta de Freguesia, ficou com o carro bloqueado", relata o autarca. Sem querer utilizar o termo de ‘caça à multa’, Eduardo Casinhas considera que "há excesso de autuações" e nem todos os casos devem ser medidos pela mesma bitola. "Devia haver uma acção pedagógica. Um carro rebocado são 90 e tantos euros", adverte. "Antigamente, passavam uma multa de dois euros e meio, agora não, além da multa, as viaturas são logo bloqueadas", lamenta.
João Carlos Sebastião
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