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Expansão do Porto de Lisboa pode destruir vila
A população da Trafaria quer decidir sobre o seu território, pelo que exige a extinção da reserva de terreno e de espaços canais para aproveitamento da localidade como alternativa ao Porto de Lisboa, tal como prevê o Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROT-AML), que esteve em discussão pública até 31 de Janeiro. Na passada sexta-feira, dia 18, o executivo da Câmara de Almada e a presidente da Junta de Freguesia da Trafaria participaram numa reunião alargada com a população onde foi aprovado um documento a repudiar as opções previstas pelo plano de ordenamento regional que “contraria a estratégia de desenvolvimento” para a localidade, afirma a presidente da Câmara. Para Maria Emília de Sousa o futuro da Trafaria passa pelo turismo e a tradicional actividade piscatória, o que é “incompatível com um terminal de contentores”. Aliás, diz a edil que o próprio porto de pesca há muito reclamado pelos pescadores locais “fica em causa” caso o Conselho de Ministros aprove o PROT-AML na sua versão actual. Daí moradores e autarcas estarem numa corrida contra o tempo para que a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) atenda aos contributos dados pelos órgãos autárquicos nos vários contactos institucionais durante a fase de discussão pública do plano de ordenamento, em defesa de uma Trafaria de turismo e pesca. “Tudo o que os eleitos podiam fazer já foi feito, agora cabe à população dizer que rejeita esta visão do PROT-AML”, comenta a presidente da Junta da Trafaria. Para Francisca Parreira a aplicação deste plano de ordenamento vai transformar a localidade em “duas ruas com uma linha ferroviária no meio e um porto de contentores”. A passagem de uma linha férrea nesta localidade com apenas 5 quilómetros quadrados, é outra das razões que levam populares e eleitos a protestar contra o PROT-AML.Mas o Governo parece não querer desistir desta opção. Maria Emília de Sousa diz ter aproveitado uma reunião entre o secretário de Estado dos Transportes e vários presidentes de câmara da Área Metropolitana de Lisboa, na mesma sexta-feira, para dizer a Carlos Correia da Fonseca que a linha férrea e o porto de contentores vão “destruir a Trafaria”, mas este “entende que o uso portuário deve constar no PROT-AML”. Ou seja, “existe uma divergência de fundo”, comenta. Para Maria Emília de Sousa “Lisboa está a limpar a sua margem”, mas a Trafaria “não pode ser sacrificada com isso”, pelo que “não pode ser considerada como área de expansão do Porto de Lisboa". A edil chega a admitir que houve intenção de “limitar a participação” dos trafarienses sobre o PROT-AML. É que sendo esta localidade a que recebe mais impacto deste plano, “não se percebe porque as sessões de esclarecimento (durante o período de discussão pública) se realizaram em Mafra e Seixal”. Isto quando o município propôs uma sessão na Trafaria. “Agora está do lado da população fazer ouvir a sua voz de protesto. Nós já fizemos o que tinha de ser feito do ponto de vista formal”, alegava a edil durante o encontro. E, de facto, este processo está a irritar a população local. “O PROT- -AML não só é um erro ambiental, como irá destruir a tradição da Trafaria e inviabilizar o seu desenvolvimento turístico”, afirmava um dos moradores. E o descontentamento popular poderá tomar outras formas e já se fala em formar um movimento cidadãos, a exemplo do que aconteceu em Lisboa sobre a expansão de Alcântara, para defender a Trafaria. O documento aprovado pela população vai agora ser enviado para os vários órgãos do poder local de Almada, CCDR-LVT, Governo Civil, Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território e primeiro-ministro.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
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