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Sintra apresenta o maior número de ocorrências a nível nacional
Sintra é o concelho com maior número de ocorrências de violência escolar a nível nacional. Este indicador foi revelado pela directora do Gabinete Coordenador de Segurança Escolar (GCSE), superintendente Paula Peneda, durante o seminário "Cidadania, Justiça e Segurança em ambiente escolar", promovido pela Divisão de Sintra da PSP, na passada quarta-feira, no Centro Cultural Olga Cadaval. "Segundo os dados estatístiscos sobre os incidentes de violência participados pelas escolas portuguesas ao Ministério da Educação, o concelho de Sintra foi o território com maior número de ocorrências, em todo o país, nos últimos anos lectivos", revelou Paula Peneda, dando conta que o Observatório de Segurança Escolar está a efectuar um estudo sobre as escolas sintrenses. Este diagnóstico visa "contribuir para futuras estratégias e mecanismos de intervenção e prevenção sobre a violência na escola". Em primeiro lugar, vai procurar estabelecer uma relação entre as ocorrências de violência e o contexto social. "Sintra afigura-se como um local especialmente pertinente e profícuo de observação e de investigação", salientou esta oficial superior da PSP, requisitada pelo Ministério da Educação para coordenar a estrutura que superintende a segurança escolar. Sintra suplantou mesmo, nos últimos anos lectivos, o número de ocorrências do concelho de Lisboa, com 281 situações em Sintra contra 272 na capital. Paula Peneda adiantou que há um caso de sucesso ao nível da violência escolar, o do concelho de Amadora que, através de "vários mecanismos criados", conseguiu reduzir de forma substancial o número de ocorrências nos estabelecimentos de ensino. Perante uma plateia que reunia responsáveis policiais, autárquicos, sociais e judiciais, Paula Peneda não escondeu que "o concelho de Sintra é uma área que nos preocupa enquanto responsáveis de segurança escolar". O crescimento populacional, na ordem dos 39,4% entre 1991 e 2001, é um factor indissociável dos problemas sociais que afligem o concelho, que tem 75% da sua população a residir no corredor urbano de Queluz à Portela de Sintra. Um factor a ter em conta assenta na capacidade das escolas de 2.º e 3.º Ciclos e Ensino Secundário, com uma taxa de ocupação na ordem dos 126%, "existindo alguns estabelecimentos de ensino que se encontram sobrelotados com valores próximos dos 200%". "Importa ainda referir a forte concentração de alunos carenciados nestas escolas, especialmente nas freguesias de Algueirão-Mem Martins, com 20% do total concelhio, Agualva, Rio de Mouro, Casal de Cambra, Queluz e Belas", sublinhou Paula Peneda. "Sintra surge, efectivamente, como uma das zonas educativas onde se observa uma maior intensidade do fenómeno de violência escolar", reforçou a directora do GCSE, que lançou mesmo um desafio para que o concelho seja palco de "um projecto-piloto de intervenção numa freguesia de Sintra". Mas, apesar destas preocupações, Paula Peneda fez questão de garantir que as escolas são um espaço seguro. Aliás, 93% das escolas portuguesas não registam qualquer tipo de ocorrência. "Se não regista, é porque não precisa de ajuda, é porque, através dos seus mecanismos próprios, consegue resolver os seus problemas", sublinhou a superintendente. Mesmo em zonas consideradas como problemáticas, a escola consegue manter-se à margem do ambiente que a rodeia. "A escola é, por isso, um espaço seguro. Por vezes, o mais seguro em determinadas zonas", concluiu Paula Peneda. Ainda antes dos indicadores revelados por Paula Peneda, Fernando Seara sublinhou, na abertura do seminário, que "Sintra tem de ser um município onde se estudem cientificamente estas matérias", até porque tem mais população do que alguns estados europeus. O edil sintrense recordou que, ainda há poucos dias, uma procuradora-geral da República, na comarca de Sintra, suscitou "as novas angústias da violência doméstica", que "chegam a Sintra aos locais onde estão a surgir os novos pobres".
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
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