terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

9.º Aniversário da Coligação Viva Cascais

9.º Aniversário da Coligação Viva Cascais

Intervenção do Presidente António d' Orey Capucho

Boa Nova, 28 de Janeiro de 2011

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Começo por dar as boas-vindas a todos os que connosco quiseram comemorar os 9 anos da primeira tomada de posse da maioria que lidero na Câmara Municipal de Cascais. O vosso apoio crítico continuado ao longo destes três mandatos representa para todos nós um incentivo muito estimulante.

Foi um período muito fecundo em termos pessoais e municipais, pois tivemos a oportunidade de implementar no nosso concelho uma estratégia de desenvolvimento sustentado, invertendo o trajecto e os objectivos errados prosseguidos pelos nossos antecessores.

Hoje, sem falsa modéstia, temos fundadas razões de orgulho no que foi feito, nos objectivos alcançados, mas temos a humildade e a lucidez de reconhecer que há ainda um longo e espinhoso caminho a percorrer.

Gostaria de vos recordar o trabalho desenvolvido nos últimos 9 anos e as principais perspectivas para o futuro próximo através de um conjunto de imagens que, mais tarde, serão integradas numa publicação que incluirá os textos complementares que hoje seria fastidioso referir, tantas e tão diversificadas são as áreas de acção da Câmara Municipal.

***

Minhas Senhoras e meus Senhores,

O que viram é revelador do que foi feito, mas temos consciência de que atravessamos tempos muito difíceis e os tempos que se perspectivam não são auspiciosos face ao alastrar de uma crise que este Governo não soube diagnosticar, nem combater com eficácia.

Uma crise económica e nas finanças públicas, mas também uma crise dos valores éticos e cívicos.

Ainda que, no contexto nacional, Cascais registe uma situação invejável nas várias vertentes da sustentabilidade social, económica e ambiental, tal não permite que deixemos de nos precaver face aos efeitos nefastos e das suas consequências em cada uma dessas vertentes, em especial a social.

Neste contexto, adoptámos recentemente um Plano de Coesão, Sustentabilidade e Desenvolvimento, que define as grandes linhas de acção estratégica da Câmara visando designadamente reduzir despesas e maximizar receitas, não descurando o necessário investimento para a prossecução dos objectivos que garantam o futuro sustentável do município de Cascais.

Mas os impactos da crise que todos os demais municípios enfrentam, são muito agravados em Cascais enquanto este Governo subsistir em funções, pois é evidente e escandalosa a sucessão de desmandos, discriminações e agravos que sofremos.

A primeira grande afronta decorreu da absurda extinção da Junta de Turismo da Costa do Estoril e a cativação ilegal das receitas do jogo que nos são legalmente devidas, impedindo a concretização de projectos fundamentais e concluídos há alguns anos, no âmbito da reabilitação do património histórico-cultural e da construção de relevantes equipamentos da cultura.

No domínio da aviação, a empresa pública responsável pelo controle de tráfego aéreo exige a Cascais o pagamento de serviços, quando em todos os demais espaços aéreos similares nada cobra. Como se o que antecede não bastasse, foi-nos imposta uma taxa absurda de deslocação das aeronaves para Tires de valor superior ao montante devido quando o destino é o congestionado Aeroporto de Lisboa.

No âmbito da Educação foram adoptados precipitadamente, sem consulta e sem base legal, os chamados mega-agrupamentos, ao mesmo tempo que se recusava a Cascais o adiamento por um ano que se concedia a vários outros municípios da grande Lisboa.

A Ministra do Trabalho, apesar do agravamento da crise, encerrou na Parede o serviço de atendimento permanente da Segurança Social em Julho passado, sem nos informar dessa intenção.

O Ministério do Ambiente, nunca se dignou esclarecer cabalmente os fundamentos da recusa de instalação da Fundação Champalimaud em Cascais, como era da vontade expressa da respectiva Administração.

O Ministro das Obras Públicas suspendeu sem aviso prévio os investimentos inadiáveis na linha férrea de Cascais que tinha anunciado com pompa e circunstância em cerimónia pública, esquecendo que é a mais antiquada e obsoleta da área metropolitana e que transporta cerca de 53 mil passageiros por dia.

O Ministério das Finanças, para que não restem dúvidas sobre quem pretende destruir o Estado Social, desencadeou uma acção fiscalizadora visando obrigar os municípios a liquidar IVA à taxa máxima sobre as rendas da habitação social.

O mesmo Ministro que acaba escandalosamente de brindar Cascais com a decisão ilegal, face a Lei das Finanças Locais, de eliminar as transferências que nos são devidas no âmbito do Fundo Social Municipal e do Fundo de Equilíbrio Financeiro, para além de que nada prevê para o nosso município no âmbito do Plano de Investimentos da Administração Central.

Aqui ficam alguns factos irrefutáveis, bem demonstrativos da discriminação e desconsideração que Cascais merece deste Governo. Espero que por pouco tempo ...

Minhas Senhoras e meus Senhores,

No final desta intervenção, que já vai longa, lamento informar que, por razões de natureza estritamente pessoal, decidi solicitar a suspensão por um ano do exercício do cargo de Presidente da Câmara Municipal de Cascais, a partir do próximo dia 1 de Fevereiro.

Na véspera tenciono anunciar esta decisão à Assembleia Municipal.

O Vice-Presidente Carlos Carreiras assume o cargo de Presidente.

Solicitarei à Câmara que nele delegue exactamente as mesmas atribuições e competências que me confiou no início do mandato.

Trata-se de uma solução decorrente da Lei, mas essencialmente é uma substituição natural por quem exerce as funções de Vice-Presidente da Câmara há 6 anos, preside à Comissão Politica Distrital do PSD e à Fundação Sá Carneiro.

Recordo ainda que Carlos Carreiras esteve na origem do movimento cívico que dinamizou o combate político contra a maioria que nos antecedeu e conduziu comigo a coligação Viva Cascais a três maiorias absolutas sucessivas.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

A minha decisão foi assumida no final do ano passado, mas só agora a concretizo por ter considerado inapropriado fazê-lo durante a campanha eleitoral e antes de consumada a vitória eleitoral de Cavaco Silva.

De facto, embora no mandato em curso tenha delegado mais e maiores responsabilidades, a verdade e que deixei de reunir as condições físicas e anímicas para o exercício eficaz de funções a tempo inteiro tão absorventes e desgastantes como são as que decorrem do cargo para que fui eleito.

Sendo improvável que possa recuperar em tempo razoável, tenho a faculdade, nos termos legais, de reassumir o exercício do cargo em qualquer altura, o que em princípio não tenciono concretizar, salvo em condições excepcionais, por considerar que devo proporcionar estabilidade na Presidência durante todo o período solicitado de suspensão do mandato.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Tenciono mais uma vez colocar o meu cargo de membro do Conselho de Estado à disposição de Pedro Passos Coelho, pois considero que, nesta fase da vida política nacional, mais se justifica que o líder da oposição esteja presente naquele importante órgão do Estado.

É previsível que alguns sectores especulem sobre supostos desentendimentos internos na maioria. Por outro lado, o PS terá comentado a minha decisão como sendo um processo artificial para lançamento de uma próxima candidatura da coligação, afirmação que me abstenho de comentar por ser absurda e ofensiva.

A verdade é que a minha decisão assenta exclusivamente nas razões que invoco e não em quaisquer outras circunstâncias.

Quero deixar muito claro o objectivo e firme propósito de continuar a apoiar a coligação Viva Cascais e de favorecer as melhores condições para que possa repetir os êxitos do passado nas próximas eleições.

Neste contexto, quero dar sinais públicos convincentes do meu apoio aos que vão continuar o trabalho e a obra iniciada em 2002.

Por isso anuncio desde já a minha disponibilidade de princípio para integrar as Listas da coligação Viva Cascais para a Assembleia Municipal de Cascais e para a Assembleia de Freguesia do Estoril nas próximas eleições autárquicas.

Obviamente não estarei disponível para me candidatar em qualquer outra autarquia, embora sejam lisonjeiros os convites entretanto recebidos.

Manifesto publicamente a minha disponibilidade para colaborar em tudo o que o novo Presidente da Câmara entenda solicitar-me e seja compatível com as minhas limitações físicas.

Manifestei-lhe – e ele desde logo acolheu – a disponibilidade para me manter na presidência da Fundação D. Luís, prosseguir a participação no Conselho de Fundadores na Casa das Histórias Paula Rego e representar o município no Conselho de Administração da Pestana-Cidadela. 4

Não aceitarei assumir funções remuneradas, seja naqueles casos ou em quaisquer outros, designadamente no âmbito da Câmara ou das Fundações, Empresas ou Agências Municipais.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Neste caminho de 9 anos, o PSD e o CDS construíram uma coligação sólida e coerente, alargada a vários sectores dinâmicos da sociedade civil. Aos dirigentes locais e aos militantes dos dois Partidos se deve a estabilidade que o seu apoio continuado nos proporcionou.

Aos Vereadores da maioria que me acompanharam ao longo deste 9 anos cumpre-me agradecer muito sinceramente o excelente trabalho desenvolvido nos respectivos pelouros e a colaboração que me dispensaram.

Ao Presidente da Assembleia Municipal, aos Deputados Municipais, bem como aos Presidentes das Juntas da maioria e membros das respectivas Assembleias de Freguesia, quero agradecer especialmente o trabalho eficaz desenvolvido e o apoio que nos dispensaram.

Aos dirigentes e colaboradores das Empresas Municipais, Agências e Fundações deixo uma palavra de grande apreço pela acção que desenvolvem no âmbito das competências nelas descentralizadas.

Aos colaboradores do meu gabinete agradeço o apoio logístico e técnico que me proporcionaram e a paciência com que me suportaram.

Aos dirigentes e colaboradores da Câmara Municipal – este ano mais uma vez injustamente penalizados e discriminados pela política salarial do Governo – transmito uma mensagem sincera de grande apreço pela resposta competente que a esmagadora maioria tem desempenhado nas suas funções.

O mesmo agradecimento é devido a todos os que trabalham no âmbito das estruturas da Administração Central sedeada em Cascais, designadamente nas Escolas, Hospital, Centros de Saúde e Forças de Segurança, em todos os casos sempre disponíveis para melhor coordenarmos as nossas acções.

Especial destaque e rasgado elogio quero aqui deixar à sociedade civil e às suas organizações no âmbito social, cultural, desportivo, juvenil, ambiental e económico, as quais têm sido nossos interlocutores essenciais e têm reconhecidamente assumido um papel determinante e insubstituível no nosso concelho.

Deixei para o fim um profundo agradecimento a todos os munícipes de Cascais pelo apoio determinante que nos dispensaram, mas também pelas sugestões e críticas construtivas que nos dirigiram.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Termino com um apelo sincero.

Um apelo para que, a bem de Cascais, possam dispensar a Carlos Carreiras pelo menos o mesmo apoio inequívoco e continuado que me dispensaram e que não tenho palavras para agradecer.

Viva Cascais!

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