quinta-feira, 7 de outubro de 2010

LINHA DE CASCAIS Inovadora à nascença e hoje ‘desalinhada’ com o futuro

Ver edição completa 121 anos da via-férrea de Cascais assinalados com apresentação da obra ‘Os Comboios de Portugal’ Quem a vê hoje, parada no tempo, à espera de modernização e de novos destinos para onde partir, não reconhece a marca inovadora que teve a vários níveis. Falamos da Linha de Cascais que, na passada quinta-feira, completou 121 anos sobre a inauguração, a 30 de Setembro de 1889, dos primeiros 18 km desta “via-férrea única”, entre Cascais e Pedrouços. Uma longa história que dois ferroviários, um deles ainda no activo, se dispuseram a contar e ilustrar na colecção de cinco volumes “Os Comboios de Portugal”, cuja apresentação, realizada no Espaço Memórias dos Exílios, Estoril, serviu na perfeição para assinalar condignamente a efeméride. Lançado pela Editora Terra Mar, o conjunto de livros em questão é uma viagem no tempo dos caminhos-de-ferro portugueses até aos dias de hoje com paragens em todas as linhas criadas ou projectadas no país (incluindo as da Madeira e dos Açores), mostrando trajectos e paisagens envolventes, secções museológicas, obras de arte ferroviárias, eléctricos e ascensores… Sobre a Linha de Cascais, a sua diferenciação em relação às demais foi largamente evidenciada durante o evento, o qual contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Cascais, António Capucho, responsáveis da Terra Mar, bem como Rosa Gomes, ex-directora do Departamento de História e Museologia da CP, que se encarregou da apresentação da colectânea, com natural enfoque no volume IV e, mais concretamente, nas páginas dedicadas à vetusta linha aniversariante. A saber: a Linha de Cascais teve o privilégio de ser a primeira a ser electrificada em toda a rede ferroviária de Portugal (15 de Agosto de 1926); foi a primeira a acabar com a 3.ª classe nos comboios; e recebeu sinalização luminosa e bloqueio automático antes de qualquer outra linha. A paisagem foi e é outro factor marcante para a originalidade deste traçado entre Lisboa e Cascais. Como salientou o co-autor José Ribeiro da Silva, responsável pela recolha de informação e compilação dos textos – ainda hoje operador de revisão e venda da CP – “antes de ser construída entre Lisboa e Cascais já a sua paisagem era muito apreciada e publicamente elogiada pelos vários intelectuais da época que faziam regularmente esta viagem de vapor, especialmente ao fim-de-semana”. Faziam os que podiam, acrescentou Rosa Gomes, vincando que “na altura, a Linha de Cascais uniu uma região e permitiu aos lisboetas usufruírem da zona costeira, o que até então não era fácil”. Aliás, recuando mais no tempo e generalizando, pode dizer-se que com “a força do vapor começou a renovação europeia, com a locomotiva a puxar, trazendo a inovação tecnológica que vai alterar a vida e a mente de todos os povos”. Permitiu, por exemplo, “que o Homem se tornasse, outra vez, nómada, mas individualmente”, já que “até ao aparecimento do comboio pouca segurança havia nos transportes, que eram precários”. Para Manuel Ribeiro, que responde pelas fotografias da colectânea, o comboio entre Cascais e o Cais do Sodré foi bem mais do que um passeio, significou o início de uma carreira que chegaria a 2005, ano em que se reformou da CP. “Tenho um amor especial por esta linha, pois foi nela que comecei a trabalhar nos caminhos-de-ferro, ainda na antiga Sociedade do Estoril, primeiro como revisor, só por dois anos, depois como factor [venda de bilhetes] durante um ano, até que, finalmente, acabei por conseguir entrar no Gabinete de Relações Públicas, que era o que eu queria para conciliar com a minha profissão de raiz que era a de fotógrafo”, contou ao JR. Foram quase 25 anos de trabalho nesta função, com viagens por todo o país, de máquina a tiracolo. E, assim, “quando o José Ribeiro me convidou para ajudar na colecção não foi tão difícil a missão porque já tinha fotos de quase todas as linhas, tudo arrumado por pastas e temas…”. O resultado é uma obra vasta e valiosa em textos e imagens, um trabalho “corajoso”, como classificou Rosa Gomes, estendendo o mesmo adjectivo à editora.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom Dia. venho por este meio solicitar que seja possivel a esse jornal deslocarem-se ao, Bairro da Madorna. Fregusia de São Domingos de Rana com o objetivo de avaliarem o comportamento desumano a mandato da Câmara M.de Cascais,de mandar podar árvores fora da sua época.local de procriação de algumas aves,tendo contribuido para a destruição de ninhos e morte de crias,nomeadamente,rôla comum,melros,pintasilgos,verdelhões,e chapins. sem outro assunto grato pela vossa atenção dispensada.