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Olimpíadas da Juventude, em meados de Outubro, é o próximo desafio da associação juvenil
Os símbolos revolucionários na ‘t-shirt’ não enganam: Luís Baptista, presidente da direcção da Associação Iniciativa Jovem (AIJ), não se esconde da política. Um pouco ao arrepio da má fama que se vai colando a esta actividade, considera- a, se bem utilizada, como uma ferramenta essencial para transformar o mundo para melhor. E quem diz o mundo, diz o bairro. “Ao dizermos que Oeiras precisa de ter uma rede de ringues de futebol em boas condições e de uso gratuito, ou quando intervimos nas reuniões públicas das juntas de freguesia ou da Câmara Municipal, estamos a fazer intervenção cívica com base na participação política e isso só pode ser positivo”, sublinha o estudante universitário de Direito, de 20 anos, diferenciando esta postura do envolvimento partidário, esse sim, fora das motivações desta plataforma de jovens, de cariz voluntário e sem fins lucrativos. Nem poderia ser de outra forma quando o objectivo é unir e não separar, congregando esforços para uma meta clara: “A nossa filosofia e grande ambição é abrir à comunidade e afirmarmo-nos como uma associação juvenil popular de massas”, revela Luís Baptista, que também trabalha no programa de Ocupação de Tempo Jovem da Câmara de Oeiras. Fundada a 19 de Dezembro de 2009 e formalmente constituída a 20 de Janeiro de 2010, a AIJ junta estudantes, na sua maioria, mas também trabalhadores de várias áreas, essencialmente moradores nas freguesias de Carnaxide, Linda- a-Velha e Queijas, onde a associação tem já núcleos autónomos. Entre os factores que encorajaram à formação da AIJ esteve a constatação de que “a generalidade das associações de jovens existentes, apesar de já criadas há algum tempo, não mostra ter uma forte ligação à juventude, ou então têm um trabalho demasiado específico”. Quanto à Iniciativa Jovem, “não temos, nem queremos ter, um corpo de funcionários e uma estrutura fechada, mas temos uma forte ligação às pessoas comuns, cuja boa vontade nos tem proporcionado surpresas muito agradáveis”. São vários os exemplos dessa interajuda no seio da comunidade: desde a carrinha emprestada pelo Grupo Desportivo “A Joanita” (que promove o basquetebol em cadeira de rodas), até à cedência por parte do café de uma colectividade de Carnaxide de uma arca congeladora para que a AIJ pudesse vender bebidas no Dia da Juventude realizado em Carnaxide, passando pela colaboração da Associação de Moradores do Bairro 25 de Abril na concretização daquele que foi até agora o maior evento desportivo organizado pela Iniciativa Jovem. “Tivemos 20 equipas, 150 jogadores, mais algumas dezenas de acompanhantes, em dois domingos”, recorda Luís Baptista, com satisfação. Outra acção “com muito sucesso” foi a Festa da Criança, que decorreu, em Junho, nos jardins da Quinta dos Acipestres, com a colaboração da Fundação Marquês de Pombal. O 1.º Arraial da Juventude também marcou o calendário da AIJ. Realizou-se no Jardim do Mercado de Queijas, em Julho, com “grande apoio” da Junta de Freguesia local, tendo juntado jovens executantes de música tradicional e popular do concelho, entre outras animações. Estas e outras iniciativas vêm cimentando a estrutura da AIJ (60 sócios), bem como a sua filosofia de acção, que parte do princípio de que sim, é possível fazer algo para melhorar a vida das comunidades. “Muitas vezes não se trata de pedir dinheiro, basta que as entidades oficiais disponibilizem materiais e espaços que podem e devem ser usufruídos por todos”, enfatiza o nosso interlocutor. “E quando as pessoas se apercebem de que têm esse direito e de que, afinal, esses bens colectivos não são assim tão inacessíveis, o entusiasmo redobra”. Dentro deste espírito enquadra- se a próxima grande aposta da AIJ. As Olimpíadas da Juventude, previstas para meados de Outubro, vão possibilitar a centenas de jovens o contacto – “gratuito ou muito acessível” – com uma grande diversidade de modalidades. Sob o lema “Desporto: um direito de todos”, pretendem ser, também, uma chamada de atenção para aquilo que Luís Baptista considera “uma certa elitização da prática desportiva”, sobretudo olhando para a situação dos espaços destinados à prática do futebol amador. “Hoje em dia, mesmo os campos de jogos que são municipais ou pertencem ao Ministério da Educação (nas escolas) custam 16 a 20 euros.Os privados, esses, cobram 25 a 35 euros pelo aluguer de uma hora. Quem quiser praticar duas ou três vezes por semana acaba a fazer contas”. Isto porque “os rinques da Câmara que são gratuitos mostram sinais de degradação e deveriam ser mais cuidados”. Para dar eco a estas e outras preocupações, a Iniciativa Jovem promete continuar a ter uma palavra a dizer no movimento associativo do concelho e na definição de políticas para a juventude. Um importante e decisivo passo nesse sentido será o processo de inscrição no Registo Nacional de Associações Juvenis, o que acontecerá até ao final do corrente ano. “Será importante para obter mais apoios e para ter assento nos órgãos de juventude”, prevê o líder da AIJ, assegurando, porém que “isso nunca se traduzirá em menor ligação às comunidades e aos seus problemas e anseios”.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
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