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Requalificação da doca de Pedrouços vai deixar 351 barcos de pesca sem porto. Cova do Vapor pode ser alternativa viável
A Administração do Porto de Lisboa (APL) está a estudar a viabilidade de construir um porto de abrigo na Cova do Vapor. Uma hipótese que agrada tanto ao Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Sul (STPS) como à presidente da Junta de Freguesia da Trafaria. A hipótese começou a ser delineada depois de uma reunião entre representantes dos pescadores e a administração da APL, na consequência da requalificação da Docapesca de Pedrouços, em Lisboa. “Já estiveram dois técnicos da APL na Cova do Vapor para observarem a possibilidade de construir no local uma docapesca”, revela Jorge Amorim, coordenador do STPS. Inclusivamente, na passada semana, o sindicato fez chegar à administração portuária várias fotografias aéreas que defendem esta zona ribeirinha como “o melhor local do estuário do Tejo” para instalar esta infra-estrutura. O processo foi desencadeado com a resolução do Conselho de Ministros de 19 de Agosto, que decidiu que a Docapesca de Pedrouços tem de ser desocupada até 20 de Novembro, ou 20 de Fevereiro, e ser requalificada pela APL e Câmara de Lisboa para receber uma das escalas da regata Volvo Ocean Race, em Junho de 2012. Isto obriga a que as embarcações de pescadores abandonem de vez a zona de Pedrouços. “Vamos ter de retirar os barcos e milhares de redes e apetrechos da pesca. E ainda não sabemos para onde”, diz Jorge Amorim. Perante isto, o sindicato apontou a linha de costa da Trafaria para construção de uma nova docapesca. Aliás, a ideia de construir uma docapesca na Trafaria foi também colocada há oito anos quando o Tejo esteve na mira da American CUP, amais prestigiada regata do iatismo; prova que acabou por não passar por Lisboa. Mesmo assim, os pescadores foram obrigados a abandonar Pedrouços como lota e ficaram apenas com uso da muralha sul. Apesar de fonte próxima da APL confirmar que existem estudos para uma nova docapesca, não confirma que esta fique na Trafaria. Inclusivamente, fonte da Câmara de Almada garante que “não houve contactos” neste sentido. E o mesmo diz a presidente da Junta de Freguesia da Trafaria. Um impasse que Francisca Parreira quer ajudar a resolver, pelo que nos próximos dias vai pedir uma reunião com as entidades envolvidas nesta decisão. “Este é um projecto estratégico para a Trafaria, mas tem de ser um bom projecto”, afirma a autarca ao Jornal da Região. Para Francisca Parreira há muito que devia ter sido construída uma docapesca na Trafaria para “acabar com a indisciplina que existe actualmente”. Os pescadores “já não têm onde colocar os barcos”, afirma. Por isso a autarca não aceita uma “solução avulso”. “A pesca é uma actividade importante para a economia da Trafaria, pelo que precisa de uma solução séria, sustentável e ordenada. Isso passa por uma docapesca”. Por isso, “vou pedir uma audiência à APL para saber que solução está a ser pensada”, acrescenta. Mais certeza de que será mesmo construída uma docapesca na zona da Cova do Vapor parece ter Jorge Amorim. Diz o sindicalista que das 351 embarcações (cerca de 600 pescadores) 197 estão licenciadas na capitania da Trafaria, por outro lado, o estuário do Tejo “precisa de uma nova lota”. É que “exceptuando a da Costa da Caparica, as restantes já não têm condições”. Entretanto o STPS já deu alguns passos para a construção da nova lota. “Existe terreno da APL e da Comissão de Moradores da Cova do Vapor que pode ser ocupado pela nova docapesca. E já temos garantia da comissão que disponibiliza o terreno para construir os alvéolos para os apetrechos”, acrescenta. Para Jorge Amorim “não é aceitável” que o próximo Orçamento de Estado não disponibilize verba para a construção de uma docapesca na Trafaria, quando “vai incluir uma verba de 10milhões de euros para construir uma marina para receber a Volvo Ocean Race”.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
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