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Prevenção e rastreio de populações vulneráveis
Contribuir para o combate à pandemia da Diabetes, que afecta 246 milhões de pessoas em todo o mundo, é o principal objectivo do protocolo celebrado, na passada quinta-feira, na Vila Alda, entre a Câmara de Sintra e a Fundação Ernesto Roma. O protocolo vai servir de base à concretização do Projecto de Intervenção para a Prevenção e Rastreio da Diabetes em Populações Vulneráveis do Concelho de Sintra, a desenvolver ao longo de quatro anos com particular incidência nos bairros sociais. Uma população mais vulnerável por se tratar de pessoas com dificuldade de acesso aos serviços de saúde e com risco acrescido de sofrerem da doença por uma alimentação pouco equilibrada. Em Portugal, estima-se que cerca de 900 mil pessoas sofram da Diabetes (glicemia acima de 126 mg/dl em jejum), mas apenas 500 mil estão diagnosticados, ou seja, há 45% de pessoas que sofrem da doença mas desconhecem esse facto. De acordo com um estudo realizado o ano passado, os homens têm uma maior tendência para ter Diabetes, o que resulta de "uma menor preocupação com o corpo do que têm as mulheres,mais preocupadas com a parte estética, da actividade física e da alimentação". Segundo José Manuel Boavida, presidente da Fundação Ernesto Roma, as mulheres começam, desde logo na fase da adolescência, "a terem alguns cuidados alimentares, enquanto nos rapazes a obesidade e a força é importante do ponto de vista social". A ausência de diagnóstico é sentida, fundamentalmente, nas faixas etárias mais jovens "e temos 200mil pessoas, com menos de 60 anos, por diagnosticar". Esta ausência de diagnóstico mais justifica uma forte aposta na realização de rastreios e acções de sensibilização para uma doença que atinge, actualmente, 66 milhões de pessoas em território europeu e 246 milhões à escala planetária. As estimativas apontam para 380 milhões de pessoas vítimas da Diabetes em 2025. E, como acontece com a maioria das doenças, um diagnóstico precoce é essencial para combater a doença. "A Diabetes não é importante por si, mas pelas complicações que vai provocar e, quanto mais anos se viver com a doença, maior será a tendência para se terem essas complicações", adverte José Manuel Boavida. A Diabetes, aliás, é a quarta causa de morte e a primeira causa de insuficiência renal, de cegueira e de amputações dos membros inferiores. "A doença aumenta duas a quatro vezes o risco cardiovascular e de acidentes vasculares e provoca lesões neurológicas de 60 a 70%", reforça este responsável. "A Diabetes não é uma palavra, é um conjunto de agressões ao organismo, mas que podem ser prevenidas". Para prevenir estas agressões, é essencial apostar numa alimentação equilibrada e numa actividade física regular. Como factores de risco para a Diabetes, são identificados vários a começar pela realidade económico-financeira das pessoas. "Quanto menor é a escolaridade, quanto mais se vive em bairros sociais, quanto pior é o ambiente de trabalho e com poucos benefícios sociais, quanto maior é a dificuldade de acesso aos cuidados de saúde, maior é o risco de obesidade e da Diabetes", sublinha José Manuel Boavida. Por estas e por outras, o projecto agora protocolado, financiado pela Direcção-Geral de Saúde, destina-se, em primeira análise, aos bairros sociais, mas encontra no concelho de Sintra um amplo caminho de carências nos cuidados primários de saúde. A vereadora da Saúde e Acção Social, Paula Simões, enuncia que em Sintra, para um universo de 500 mil habitantes, cerca de 140 mil utentes não dispõem de médico de família. Perante esta realidade, "revela- se essencial o estabelecimento desta parceria privilegiada com a Fundação Ernesto Roma, que se vai alargar aos profissionais de saúde e aos agrupamentos de centros de saúde do concelho". Em tempo de crise, estas parcerias permitem compensar, acentua a autarca, "a falta de política do Poder Central a todos estes níveis". "É responsabilidade do município ser actuante ao nível da prevenção, do rastreio e aplicar todas as medidas, que estejam ao seu alcance, para minorar os problemas das famílias", frisa Paula Simões, que dá conta que este projecto não vai abranger apenas os bairros sociais, já que há zonas, como a Tapada das Mercês (com 23 nacionalidades), onde a comunidade imigrante tem dificuldades acrescidas de acesso aos cuidados primários de saúde. "Considero este protocolo essencial para o município de Sintra e para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes", conclui a vereadora responsável pela Saúde e Acção Social.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
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