Câmara de Sintra recusa receber mais realojamentos do município vizinho
O realojamento de 19 famílias provenientes do concelho da Amadora em fogos comprados pela autarquia vizinha em Monte Abraão, Belas e no Algueirão motivou uma acesa discussão na Assembleia Municipal do passado dia 25, com o vice-presidente da edilidade sintrense, Marco Almeida, a acusar a Câmara da Amadora de “agir de má-fé e em forma de emboscada, com uma acção terrorista junto do concelho de Sintra”. Fátima Campos, presidente socialista da freguesia de Monte Abraão, levantou o assunto, criticando a forma como a Câmara da Amadora “despejou estas famílias” em Sintra, “sem qualquer acompanhamento social”.“Não são as pessoas que estão em causa, mas sim a forma como o assunto foi tratado”, garante a autarca, refutando as acusações de xenofobia de que tem sido alvo. “Uma angolana como eu nunca poderia ser xenófoba, agora o que está em causa é que em Monte Abraão faltam muitos equipamentos e apoios sociais, sendo a Junta a suportar grande parte deles, e a vinda destas famílias para a nossa freguesia vai agravar ainda mais essas carências”, sublinha. Inesperadamente, a intervenção da autarca socialista não mereceu a solidariedade de uma parte da sua bancada, com o deputado António Lopes a sair em defesa da medida tomada pela Câmara da Amadora, assumindo tal posição “em nome do PS de Sintra”. “É um realojamento de famílias estruturadas, feito de forma acompanhada e integrada”, garantiu, lançando duras críticas à política de habitação social seguida em Sintra e à posição (contrária a este realojamento) já revelada pela vereadora do pelouro, Paula Simões. Perante a ausência de Fernando Seara, foi MarcoA lmeida quem assumiu a polémica, acusando o município vizinho de estar a tentar resolver os seus problemas de habitação à custa do concelho de Sintra. “A Câmara da Amadora ainda tem 2300 barracas para as quais não tem soluções no seu território. Nós não queremos receber aqui essas famílias. Não queremos, nem as vamos receber. Podem ter a certeza absoluta. Custe o que custar”, afirmou o vice-presidente. Recorde-se que a Câmara da Amadora anunciou recentemente a aquisição de 19 fogos a preço controlado num investimento de 1,2 milhões de euros, para realojamento de famílias recenseadas no PER (Programa Especial de Realojamento), residentes em barracas e construções similares na área do novo troço da CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa) entre as Portas de Benfica e as Pedralvas. Trata-se de um protocolo entre a autarquia da Amadora, a Estradas de Portugal, que financiou 300 mil euros, e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), que subsidiou 40 por cento do valor. Confrontada com as acusações de “má-fé” e de “terrorismo” nesta acção, lançadas pelo vice-presidente da Câmara de Sintra, Joaquim Raposo, presidente do município vizinho, recusou tecer qualquer comentário, afirmando apenas, através de uma assessora, que só tomará posição quando receber uma comunicação ou um pedido de esclarecimentos por parte da edilidade sintrense, o que até à data ainda não aconteceu. Para além disso, “a Câmara da Amadora não comenta nem alimenta atitudes xenófobas”, adiantou a mesma fonte.
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5 comentários:
Boa tarde,
lamento, apenas, que o Jornal da Região tenha omitido o essencial daquilo que foi a minha intervenção, sobre este assunto, na última Assembleia Municipal e na qual, para além de desmistificar o populismo e demagogia com que alguns pretendem abordar esta questão, foram apresentados dados concretos sobre o mesmo e que sempre estiveram também à disposição de quem realmente os quisesse obter. Teria sido igualmente interessante que o vosso jornal apresentasse os valores que referi relativamente a crianças residentes no Concelho de Sintra e que, na falta de escolas no nosso Concelho, se vêem obrigadas a frequentar escolas no Concelho da Amadora, sendo que muitas dessas crianças, certamente, também necessitam e recorrem ao apoio social daquela autarquia. Este Mundo em que vivemos exige complementaridades, acção ao nível metropolitano, Visão. A mesquinhez de quem acha que pode erguer novos Muros (sejam de Berlim ou da Pena)é algo de um passado de triste memória e não pode ser apoiado por quem defenda valores como a Solidariedade, o Respeito pelo ser Humano ou a Igualdade de direitos e deveres por parte de TODOS os cidadãos da República. Enfim, há por aqui muita parra e pouca uva e muito gato escondido com o rabo de fora que, estou seguro, o tempo se encarregará de clarificar. Para finalizar: estamos a falar de 19 famílias realojadas em Sintra. Dispersas por várias freguesias. Acompanhadas e apoiadas por técnicos da CM Amadora. Tentar "misturar" alhos com bogalhos acenando o "papão" de outras 2300 por realojar (como se fosse possível replicar a compra de 2300 andares em Sintra ou em qualquer outro lugar, para realojamento!...)é mera mistificação. As PESSOAS não são "lixo". Merecem respeito, sejam quem forem e de onde forem, sobretudo de quem começou por afirmar "desconhecer" o assunto mas não hesitou desde logo em tratá-las como "indesejáveis".
Com os melhores cumprimentos, António Luís Lopes (deputado municipal / PS)
Este senhor deputado socialista lá terá as suas razões para defender o concelho vizinho em detrimento da população que o elegeu. São coisas da política, que só a pólitica pode explicar... De qualquer forma, já que parece ser tão ligado ao aparelho socialista, porque não apela ao seu Governo para construir mais escolas secundárias na cidade de Queluz, de modo a evitar que os nossos meninos tenham de ir para a Amadora?
Pois, e já agora, os atletas do JOMA, na sua maioria de etnia africana, também estão a treinar na pista de atletismo da Amadora, porque na freguesia da Drº. Fátima Campos fecharam-lhes as portas. Então, e se na Amadora disserem: "Não os queremos cá. Não resolvam os problemas de falta de equipamentos desportivos à custa da Amadora!". Acabem mas é com esta palhaçada!!!
Adoro esta solidariedade em contexto etropolitano. Acho que alguns autarcas em Sintra precisavam de umas lições sobre o que é viver numa metrópole, que neste momento não conhece limites administrativos para resolução dos problemas. é por causa destes que a a Junta Metropolitana nunca conseguirá ter o papel que se espera dela! Nunca se questionaram porque um território com 24 km2 conseguiu assistir a um avolumar de problemas? Primeiro porque as entidades competentes na gestão de servidões e restrições de utilidade publica sempre se "burrifaram" sobre a ocupação que se estava a efectuar na sua área de jurisdição, veja-se as barracas nas estradas militares, que depois foram despejadas para a competência municipal. Segundo a teimosia da CDU (para não variar) que gostava da acenar com a bandeira da "carência habitacional" deixando que a Amadora assisti-se impávida e serena À assinatura do programa PER de outos mais visionários que se anteciparam e por fim, mas mais ilariante: sabiam que foram distribuidos "apoios" para há alguns anos as famílias deslocalizarem barracas "só um bocadinho mais para alí"...Afinal este é um jogo que os Municípios conhecem bem...
O senhor António Americano se calhar devia era estar preocupado com os meninos que jogavam à bola no campo do RRM em Rio de Mouro e depois fizeram aquela linda bomba de gasolina que o Sr. Americano tenho a certeza que conhece, mesmo na rotunda, uma maravilha, deve facturar bem, e os meninos ficaram sem campo de jogos até hoje... Terão que ir jogar para a Amadora? Eu sou um desses meninos...
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