quinta-feira, 9 de junho de 2011

OUTURELA-PORTELA Família Global combate carências

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Câmara atribui Medalha de Mérito a associação A crise que o país vive tem aumentado o número de pessoas carenciadas em lista de espera para aceder aos serviços prestados pelo Projecto Família Global – Associação para a Inserção Sócio-Cultural e Profissional da Família, instituição particular de solidariedade social (IPSS) que há 13 anos se dedica a minorar os múltiplos problemas de integração e desenvolvimento do bairro Outurela-Portela, em Carnaxide. “Por agora, não temos capacidade para mais”, salienta Anabela Fonseca, tesoureira da PFG e uma das suas fundadoras, responsável, também, pela actividade do Banco Alimentar da associação. Actualmente, são ali distribuídos dois tipos de cabazes: um mensal, com produtos de mercearia em geral, e outro semanal, com os “frescos”. Ao todo, são abrangidas 198 famílias, num total de quase 600 utentes (236 crianças). Mas muitas outras gostariam de ter acesso a essa ajuda. Um aumento de procura – “mais um terço nos últimos dois ou três anos” – que se vem verificando, também, noutros apoios, como a creche, onde cada utente paga o que pode, mas “a grande maioria tem regime de gratuitidade”. Tendências que parecem confirmar que, afinal, mesmo sendo apreciável o número de associações e instituições de cariz social naquele bairro – muito marcado por problemas de desemprego, baixos rendimentos, abandono escolar precoce e comportamentos desviantes – a abrangência destas parece ser, ainda, insuficiente. No caso da PFG, a situação só será diferente quando a associação puder, finalmente, mudar para as novas instalações (ver caixa), as quais, pela sua dimensão e condições de modernidade, prometem uma maior capacidade de resposta à comunidade. A mudança permitirá passar a disponibilidade da creche dos actuais 16 bebés – muitos deles em situações de risco, sinalizados por hospitais e pela Comissão de Protecção de Menores – para mais do dobro (33); aumentar o apoio domiciliário prestado a idosos de 38 para 55; permitir a entrada de mais seis crianças no ATL, perfazendo um total de 60 miúdos, dos 6 aos 12 anos, oriundos de famílias altamente carenciadas; finalmente, possibilitará a criação de uma nova valência, a do Centro de Convívio. A distribuição de cabazes alimentares também deverá subir, mantendo o recurso ao Banco Alimentar Contra a Fome e às contribuições de particulares. Claro que, além da quantidade, também a qualidade e as condições do apoio prestado vão subir exponencialmente nos diversos serviços já prestados. Entre estes, destaque para o Gabinete de Apoio à Família, que garante apoio e acompanhamento médico-pediátrico às crianças do ATL e da creche, visitas médicas domiciliárias a idosos sem médico de família, assistência medicamentosa, acompanhamento a beneficiários do Rendimento Social de Inserção, distribuição de cabazes alimentares, pagamento de rendas, água ou luz, entre outros apoios. De referir, ainda, a actividade do refeitório (onde são servidas, diariamente, 136 refeições, para utentes, funcionários e voluntários), e a Lavandaria Social. Acresce a realização, desde 2008, de Cursos de Formação Profissional em várias áreas e destinados, maioritariamente, a desempregados, beneficiários do Rendimento Social de Inserção e ex-reclusos, de que beneficiaram quase 100 indivíduos. Em relação a todas estas actividades – as quais já abrangem um total de 311 famílias – o futuro Centro Comunitário da Portela vem, pois, “melhorar o aumento da capacidade das respostas sociais em instalações dignas e adequadas às necessidades das famílias, suas crianças, jovens e idosos”, como salienta o recém- empossado presidente da direcção da PFG, Carlos Ribeiro, um dos voluntários da PFG, que conta, também, com cerca de 20 funcionários. Neste vasto leque de apoios, a distribuição alimentar impõe-se como o serviço que beneficia mais pessoas. Hoje mais do que nunca. Dá que pensar, aliás, o diferencial enorme que separa as primeiras acções concretizadas nesta área pela PFG e a realidade actual desta mesma valência. “Começámos com meia dúzia de miúdos apenas”, confirma Anabela Fonseca, enquanto percorre o exíguo interior de um velho moinho e salão anexo, situados a algumas dezenas de metros da correnteza de lojas de rés-de-chão alugadas pela PFG para albergar a sede e a generalidade dos serviços (na Alameda João da Mota Prego). O peculiar espaço guarda as mercadorias a distribuir por quem mais precisa no bairro. Mas, também, algumas memórias da história da própria associação. “Inicialmente, era aqui que as crianças comiam, antes de termos as lojas lá em baixo. Cozinhava-se dentro do moinho e elas comiam no anexo, depois a doutora Wanda ia buscar-lhes uns iogurtes…”, recorda-se aquela responsável, evocando Wanda Lourenço, fundadora e impulsionadora do Projecto Família Global, que liderou desde o seu início, em Abril de 1998, até falecer, em Dezembro de 2010. “Ela foi decisiva para levar isto tudo para a frente”, enfatiza Anabela Fonseca. Tanto assim foi que os méritos foram, desde cedo, reconhecidos à emblemática dirigente, agraciada pela Câmara de Oeiras,em2001, com a Medalha de Mérito Municipal-Grau Prata. Uma década volvida é agora a vez de nova distinção, desta feita para a própria instituição e com medalha-Grau Ouro.

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