quarta-feira, 8 de junho de 2011

DAMAIA E FALAGUEIRA Comerciantes fazem contas às cheias

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Obras da CRIL e do Metro vistas com desconfiança No espaço de apenas um mês, as zonas da Damaia de baixo e do bairro do Bosque, na Falagueira, foram fustigadas pelo mau tempo. Mas há já muitos anos que as águas das chuvas não inundavam com tanta gravidade aquelas duas zonas da cidade da Amadora. Motivo que leva comerciantes e moradores a desconfiar das obras da CRIL, no caso da Damaia, e as do Metro na Falagueira. Vítor Monteiro é comerciante há 9 anos na rua Elias Garcia, junto ao bairro do Bosque. Desde que tem o seu estabelecimento comercial aberto não se lembra de nenhuma inundação, como aquelas que afectaram aquela zona da Amadora no último mês. “À porta do meu estabelecimento formou-se um rio com quase meio metro de altura. Mas, se da primeira vez houve a desculpa de que o granizo entupiu os sumidores, nas últimas chuvadas, não se compreende como é que as caves dos edifícios da rua ficaram todas inundadas”, referiu. Este empresário vai mais longe, acrescentando que “apesar de ter chovido muito intensamente durante pouco tempo, há pelo menos 15 anos que não tínhamos inundações nesta zona, o que leva a crer que as obras do metro possam estar relacionadas com as últimas inundações”. Durante o último Inverno, a Câmara da Amadora (CMA), em parceria com os SMAS, levou a cabo uma intervenção no caneiro da Falagueira que escoa as águas pluviais daquela zona. Também para Maria de Lurdes Godinho “tudo leva a crer que algo de errado se passa aqui”. Esta comerciante adianta que “não é a chuva em si que provoca a inundação, mas sim a água que brota das saídas de esgotos que faz saltar as tampas”. Maria de Lurdes Godinho, proprietária de uma loja de lãs, confessa ter tido um prejuízo “na ordem dos 30 mil euros porque a água chegou a atingir dois palmos dentro da sua loja”. Na Damaia de baixo os estragos ainda eram visíveis uma semana depois da água ter voltado a formar uma piscina na rua de Goa. Na loja de colchões a indignação era muita. “Isto está cada vez pior, nem há um mês tive um prejuízo de cerca de 20 mil euros, fiquei sem o material que tinha na loja, entretanto, fiz obras e uma chuva que embora tenha sido intensa não deveria ser motivo para isto acontecer”, afirma Orlando Rebelo. Este empresário chega mesmo a questionar “será que as obras da CRIL interferiram com os escoamentos das águas da zona?”. Orlando Rebelo considera ainda que não teve o apoio de ninguém, “nem sequer para remover o entulho que aqui ficou arrastado com as forças das águas”. Também Isabel Marcelino e Tânia Rodrigues, ambas funcionárias de uma óptica, consideram que “a segunda cheia veio destruir o pouco que restou da primeira vez”. Na loja onde trabalham o cenário é desolador: os móveis incharam, todo o material ficou danificado e a máquina que faz os testes oculares deixou de funcionar. “Os prejuízos são incalculáveis”, refere Isabel Marcelino. Câmara promete obras Gabriel Oliveira, vereador na CMA pelo pelouro das Obras Municipais, adiantou que “na zona da Damaia de baixo já estava prevista uma intervenção, mesmo antes da queda de granizo”. “Vamos aumentar a drenagem com a introdução de novas caleiras, mas para que a obra fique completa é necessário que a Estradas de Portugal proceda, simultaneamente, a continuação do caneiro da Damaia que irá ligar a Benfica. Com estas duas intervenções acreditamos que o problema naquela zona fique resolvido”, refere o vereador, acrescentando que “a câmara e os SMAS vão iniciar a obra dentro de um mês”. Quanto ao bairro do Bosque, o vereador garante que aos serviços dos quais é responsável não chegou qualquer reclamação. “Houve apenas cheias na altura da queda de granizo, porque o gelo entupiu os sumidores, mas desta vez não houve qualquer problema”. Uma versão que contraria a posição do comandante dos Bombeiros Voluntários da Amadora que, na semana passada, tinha apontado a zona do bairro do Bosque, como uma das zonas mais afectadas pelas chuvas, assim como a zona da Damaia.

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