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Projecto da Misericórdia da Amadora garante bens a preços simbólicos
Atoalhados, malas, bijutaria, pijamas, roupa e calçado para homem, mulher ou criança, a partir de um euro (no máximo cada artigo custa seis euros), são os produtos, todos novos, que podem ser adquiridos na Loja Solidária inaugurada há um mês no bairro camarário Casal da Mira, na Brandoa. Depois da farmácia, este é o segundo estabelecimento comercial em funcionamento no bairro que começou a ser habitado há oito anos por cerca de 760 famílias. Apesar de todos os edifícios contemplarem espaços para lojas, o maior bairro social do concelho não conseguiu atrair o investimento do pequeno comércio. Até agora, apenas a farmácia se mantém em funcionamento. Os relatos de criminalidade e insegurança talvez tenham afastado os investidores. Mas para contrariar esta tendência, a Câmara Municipal da Amadora (CMA) cedeu um dos espaços comerciais à Santa Casa da Misericórdia da Amadora (SCMA) para aí instalar uma loja de cariz diferente: vende produtos a baixo custo, “mas são todos artigos novos e de qualidade”, garante Rute Brás, da SCMA, responsável pelo projecto. A autarquia cedeu o espaço, mas as obras de adaptação foram suportadas pela Misericórdia. Os produtos são doações de empresas, de comerciantes ou de instituições, sendo que por vezes o armazém chega a ser pequeno para tantas encomendas. “A Misericórdia recebe muitas doações, por exemplo, recebemos todos os artigos em ‘stock’ de uma loja que abriu falência”, explica a responsável. Na loja tudo tem um preço, embora o valor seja simbólico. “Pagar um euro por umas calças não é muito significativo para as famílias carenciadas, mas ajuda-as a valorizar os produtos que levam. Além disso evita que as pessoas levem o que não necessitam e que muitas vezes é deitado para o lixo”, acrescenta Rute Brás. O dinheiro angariado “serve para já para cobrir o custo das obras e do investimento feito no mobiliário”, afirma a responsável. Mas se na loja tudo tem um preço, Rute Brás afiança: “Continuamos a doar roupa para os casos sinalizados pela Acção Social”. Maria Almeida deixou o bairro degradado de Santa Filomena, situado na freguesia da Mina, há um ano para ir viver num apartamento do Casal da Mira. Tem dois filhos em idade escolar e considera que “na loja os preços são muito simpáticos e encontram-se muitos produtos, especialmente para as crianças que estão sempre a crescer e a necessitar de roupa e calçado novo”. Na mão leva um fato de treino para a filha poder fazer ginástica na escola. Custou apenas dois euros. “Não encontro estes preços em lado nenhum”, regozija-se. Esta nova moradora encara com optimismo a abertura da loja, não só porque oferece roupa barata, mas porque dá uma nova vida ao bairro. “Aqui temos apenas a farmácia, mas faz-nos muita falta pequeno comércio, nomeadamente uma mercearia”. Mesmo ao lado da Loja Solidária funciona o Centro de Dia para idosos, um outro equipamento gerido pela SCMA. Uma proximidade que é aproveitada para a gestão do espaço comercial. “Temos em permanência cinco a seis pessoas na loja, três vêm do Banco Local de Voluntariado, as restantes são utentes do Centro de Dia”, adianta Rute Brás. De resto, alguns dos artigos de bijutaria e decoração à venda são feitos pelos idosos em ateliês promovidos no Centro de Dia. Fernanda Bolotinho, 80 anos, é uma das voluntárias que para além de ajudar em todos os afazeres da loja, ainda contribui com a elaboração de colares, pulseiras brincos. Uma experiência que considera muito enriquecedora, pois “estamos acompanhados, distraímo-nos e ainda nos sentimos úteis”.
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