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Instalações estão disponíveis há cerca de um ano, após obras promovidas pela Administração Regional de Saúde
Mais um ano passou e a Tapada das Mercês continua sem uma Unidade de Saúde Familiar (USF). Há muito anunciada pelos responsáveis autárquicos como uma necessidade, para dar resposta a mais de 25 mil pessoas que são obrigadas a acorrer ao Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins, a maioria para obter uma consulta de recurso por não disporem de médico de família. Em Janeiro de 2008, numa das derradeiras acções como ministro da Saúde, Correia de Campos visitou as instalações municipais situadas no rés-do-chão do prédio da Avenida Embaixador Aristides de Sousa Mendes, n.º4, e deu o aval à instalação no local da unidade de saúde. Com acesso pelo n.º 40 da Rua Professor Rui Luís Gomes, o espaço chegou a acolher o Gabinete de Apoio ao Munícipe e, após a mudança de responsável no Ministério da Saúde, com a entrada de Ana Jorge, o processo assistiu a algum impasse. Pelo meio, ainda em 2008, as instalações receberam funcionários e equipamentos da Casa da Juventude que se encontrava em obras. Libertado o espaço, foi possível avançar com as obras de adaptação ao funcionamento de uma USF, a organização implementada ao nível dos cuidados primários de saúde, no sentido de diminuir o número de utentes sem médico de família. Ainda antes do final de 2009, os trabalhos foram concluídos, mas, desde então, as instalações continuam encerradas à espera de profissionais de saúde. Quem mora naquele prédio, não compreende este impasse e recorda os sacrifícios que viveu durante a realização das aludidas obras. “Os martelos pneumáticos começavam a trabalhar às oito da manhã e era até às oito/nove da noite, mesmo aos fins-de-semana, e os condóminos aguentavam, da maneira possível, porque era em benefício da comunidade da Tapada das Mercês”, acentua Rui Farlens, que reside naquele imóvel há 16 anos.Um ano após a conclusão das obras, “a situação é frustrante não só porque a unidade de saúde não abre, como por ali ter sido criado um nicho de delinquência, onde a malandragem se refugia, e cheio de lixo”, lamenta este morador. “Depois das obras estarem prontas, tudo ficou ao abandono e as instalações a degradarem-se”. Manuel do Cabo, presidente da Junta de Algueirão-Mem Martins (JFAMM), aproveitou uma recente deslocação da ministra da Saúde ao concelho e à freguesia, para entregar a Ana Jorge uma carta onde inquiria sobre a entrada em funcionamento da USF da Tapada das Mercês. Na missiva, a que o JR teve acesso, o autarca recorda que “o senhor ministro da Saúde, dr. Correia de Campos, quando na visita que fez ao local e perante a presença dos habitantes, acabaria por dar a sua concordância às obras entretanto feitas e concluídas e essa mesma população está a ficar desesperada, porque a abertura do Posto de Saúde demora demasiado tempo”.Manuel do Cabo frisa que a urbanização da Tapada das Mercês conta com uma população na ordem dos 25 mil habitantes, num universo de 5600 fogos, que muito carece de uma melhor resposta ao nível da prestação de cuidados de saúde. Em declarações ao JR, Manuel do Cabo recorda que “o Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins está completamente esgotado, está saturado com tanta população, mais de 70 mil pessoas”. Além da falta de profissionais de saúde, as instalações, “um prédio de habitação de seis andares”, há muito que não respondem às necessidades da freguesia. “É preciso criar uma unidade de saúde para servir as mais de 25 mil pessoas que residem na Tapada das Mercês”, acentua o presidente da Junta, uma vez que a nova unidade permitiria “proporcionar cuidados de saúde mais próximos dos cidadãos e, por outro lado, evitaria que essas pessoas viessem para o centro da vila, com todas as consequências ao nível do congestionamento de trânsito”. A premência da entrada em funcionamento da USF da Tapada das Mercês é confirmada por Rui Farlens. “Desde que fui para ali morar, há 16 anos, que não tenho médico de família. Como eu, há inúmeros casos”, sublinha este morador, que constata que “o Centro de Saúde de Algueirão-Mem Martins está em ruptura completa, porque a freguesia cresceu de uma forma descomunal, e a unidade não acompanhou esse crescimento”. Ai nstalação da USF na Tapada das Mercês, reforça o munícipe, permitiria que “os cuidados de saúde estivessem mais acessíveis”. “Quando vim para aqui morar, havia uma planta da urbanização que incluía bombeiros, posto de saúde, esquadra de polícia... Escusado será dizer que viver na Tapada das Mercês, para mim, é uma desilusão porque nada disto existe”, remata Rui Farlens. Após a expectativa da entrada em funcionamento da unidade em 2008, na sequência da visita do então ministro Correia de Campos, o presidente da JFAMM lamenta o impasse no processo, com informações apenas “para nos calarem a boca”. “Uma das últimas informações é que a USF, mesmo se corresse tudo mal, estaria aberta antes do final do ano de 2010”. Afinal, tudo correu mal e o imóvel continua de portas fechadas. “Não faz sentido nenhum que esta unidade, depois das obras estarem concluídas, continue sem entrar em funcionamento”, lamenta Manuel do Cabo. “Criaram-se mais de uma dezena de gabinetes médicos, um espaço de enfermagem, uma sala de espera, todas as condições para que aquele serviço possa funcionar”, reforça o autarca, dando conta que a USF vai dispor, numa primeira fase, de oito médicos e deverá funcionar “até às 22h00 ou meia-noite”. Para o final da passada semana, segundo Manuel do Cabo, estava agendada uma visita ao local por técnicos da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, “para uma avaliação das condições em que foram feitas as obras”. Mas, o autarca não quer mais adiamentos. “As obras foram feitas sob responsabilidade da ARS, ou seja, têm de estar bem feitas”, sentencia. “Queremos que sejam lá colocados os equipamentos, os médicos e que se abra a porta”, reforça o presidente da Junta. Rui Farlens também foi informado, por contacto junto da ARS, da visita às instalações. Em relação aos motivos do arrastamento do processo, o morador não tem explicações: “Não me deram justificação, mas também não pedi. Mas, sei que a justificação, que se utiliza para tudo, é a falta de recursos financeiros do país”. “Chegou a hora de dizer que basta de promessas, basta de tempo de espera. Exigimos à senhora ministra da Saúde que intervenha, através de todos os meios ao seu alcance, para que a USF da Tapada das Mercês seja aberta o mais depressa possível”, sublinha Manuel do Cabo, enquanto Rui Farlens também faz votos que a unidade entre em funcionamento a curto prazo. “Espero que, depois do arranjo no exterior das instalações, da limpeza e de pequenos pormenores, não demore muito tempo a abrir a unidade de saúde. Espero que, pelo menos, não demore até ao Verão para abrir”, conclui o morador na Tapada das Mercês.
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