quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ALGÉS 'É muito fácil ser-se atropelado aqui'

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Velocidade na Avenida dos Bombeiros Voluntários de Algés ‘arrepia’ peões Ao longo da Avenida dos Bombeiros Voluntários, em Algés, é fácil encontrar, por entre moradores ou comerciantes, quem haja escapado por pouco a um atropelamento ou saiba de alguém que foi, de facto, vítima do intenso e veloz tráfego rodoviário naquela artéria, muito procurada por dar acesso a importantes vias como a A5 ou a Marginal. Os sustos são diários, geralmente nas próprias passadeiras, não poupando novos ou velhos, embora estes últimos sejam mais vulneráveis.Ocaso mais recente foi o de uma jovem, mas Cremilde Martins, de 74 anos, lembra-se de “um senhor arquitecto que faleceu ali ao fundo, uma senhora que partiu uma perna… ao meu marido, apanharam-lhe um sapato!”. A população da zona já fez abaixo-assinados e ‘e-mails’ endereçados à Junta de Freguesia e à Câmara Municipal, mas até agora sem resultados concretos. No entanto, basta passar alguns minutos a observar a forma como circulam as viaturas naquele quilómetro de asfalto para se perceber, claramente, que só por milagre os danos humanos não são ainda maiores. A Câmara reconhece a sua perigosidade, pois, segundo revelou ao JR a vereadora Madalena Castro, “estava previsto para este ano o lançamento de um concurso público destinado à colocação de semáforos redutores de velocidade em várias vias do concelho, incluindo naquela avenida de Algés”. Todavia, não houve luz verde para avançar. Razão: a crise financeira do município e do país “atropelou” o referido concurso… “A Câmara tem em desenvolvimento um projecto para a requalificação daquela via, o qual estava a ser coordenado com a duplicação da Ribeira de Algés naquela mesma zona urbana, que é uma obra para 10 a 12 milhões de euros”, explica a vereadora, dando a entender que não valeria a pena fazer alterações na via antes de se avançar com aquela outra empreitada, de maior dimensão. “O município comprometeu-se a financiar metade dessa obra e a Administração Central arcaria com a outra metade; estava previsto que o projecto ficasse pronto até ao final deste mandato para ser lançado concurso a seguir, mas a verdade é que não estamos a ver que o Poder Central possa avançar com a sua parte do investimento”, adianta Madalena Castro, numa alusão às actuais "dificuldades na disponibilização de verbas e financiamento”. Os moradores é que não se conformam. Um dos mais inquietos é Luís Paulino, que desde 2006 vem chamando a atenção de diversas entidades, a vários níveis do poder político e administrativo, para as ratoeiras lançadas aos peões na Avenida dos Bombeiros Voluntários. “Têm havido imensos casos!”, garante. Ele próprio é um sobrevivente, pois só não foi colhido, no passado dia 8, na passadeira existente junto a um supermercado, “por uma unha negra”. Mas, no dia seguinte, outro cidadão teve menos sorte, noutra passadeira, acidente a que Luís Paulino assistiu e que motivou a presença de bombeiros, polícia e INEM. Os moradores propõem a colocação de semáforos redutores de velocidade (em que a luz passa a vermelha quando ultrapassado o limite permitido – 40 km/hora), a colocação de lombas, e o reforço das placas com indicação do limite de velocidade. “Isto não pode continuar assim, a avenida está transformada numa pista onde se fazem velocidades de 80 e mais km/hora. É muito fácil ser-se atropelado aqui. Quantas mais vítimas têm de haver?!”, indignam-se os queixosos. Para Francisco Nunes, o problema é estrutural. “Aos olhos de quem não mora cá, a avenida parece uma recta que convida a acelerar, mas quem mora aqui sabe que esta é uma zona residencial, cheia de gente, com muitos carros a estacionar em segunda fila, autocarros a parar e arrancar, inversões de sentido…”. As consequências deste paradoxo podem causar arrepios. “Já tive aquela sensação horrível de ficar parada ameio da passadeira porque o carro da primeira faixa parou, mas o da outra a seguir passou a uma velocidade incrível, só fica aquela ventania e a impressão de que não se morreu por muito pouco”, testemunha Isabel Pereira, adiantando que, além do mais, não é fácil usar a “zebra”, pois “passam seis ou sete carros e nem reparam, ou então ainda mandam vir se a gente chama a atenção”…

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