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Autarquia apoia serviço de teleassistência
O Sistema Telefónico de Assistência Permanente da Amadora (STAPA), em funcionamento no concelho desde 2007, permite acompanhamento permanente aos idosos, em caso de acidente ou doença súbita, através do simples carregar num botão.Neste momento, 84 utentes dispõem do serviço, que resulta de uma parceria entre a Câmara e a Santa Casa da Misericórdia da Amadora. Natália Filipe, 79 anos, está viúva há 16 anos e perdeu a mãe há nove. Transporta consigo um colar, cuja medalha foi substituída por um botão de controlo remoto para accionar o aparelho que estabelece contacto telefónico coma central. Do outro lado há sempre uma voz que, prontamente, chama a utente pelo seu nome e pergunta se há algum problema. Natália não tem nada, nenhuma dor e até se sente “feliz”. Tratava-se apenas de um teste para mostrar aos repórteres do JR como funciona este sistema. Foi das primeiras a aderir ao STAPA e admite que carrega todos os dias no botão. “Às vezes apenas para dizer que estou viva”, ou simplesmente para “conversar”, conta. A sua energia é contagiante, mas tem algum receio de sair de casa sozinha, em particular para trazer as compras do supermercado. Vive num terceiro andar e, apesar de isso não a incomodar, espera sempre por Cristina Mateus, do Apoio Domiciliário da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, para ir ao Centro de Saúde, ao supermercado ou simplesmente para “passear um pouco em dias de Sol”, sempre a par de “uma boa conversa”. Apesar de já nada ser como quando se mudou para a Amadora, com apenas 12 anos, tem boas relações com a vizinhança, praticamente, toda da sua geração.No prédio de três andares todos falam com Natália e, em caso de emergência, quem tem a chave do seu apartamento são os vizinhos do rés-do-chão. Tem três filhos, uma está emigrada em França e dois deles até vivem perto. “Têm a sua vida, trabalham o dia todo e não têm tempo”, explica em tom de lamento. Mais para ela do que para eles, o STAPA é um motivo de alívio, pois sente-se “segura e acompanhada”. Em particular na freguesia da Venteira, onde Natália reside, a população é muito envelhecida. “Um serviço deste género é um grande complemento ao Apoio Domiciliário”, refere Alexandra Andrade, da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, responsável pelo STAPA. Esta é entidade mediadora entre os utentes e a empresa Help Phone que presta o serviço, disponibilizando a central telefónica. Os aparelhos são instalados na casa dos utentes e são pagos de acordo com os rendimentos, sendo que a CMA comparticipa com o montante em falta. Mas, neste momento, apenas 20 por cento dos utilizadores tiveram de pagar pelo serviço. Por pertencerem ao primeiro escalão, que corresponde a um rendimento mensal até 342 euros, os restantes utentes tiveram comparticipação total por parte da edilidade. Aurélia Gomes, de 95 anos, vive na Venteira e também beneficia deste serviço. Viúva desde 1994, foi das primeiras a aderir ao projecto, em 2007. Antes já dispunha de um sistema semelhante fornecido pela Cruz Vermelha Portuguesa. Apesar de ser beneficiária, quando caiu, o sistema não lhe serviu de muito, pois era de manhã e ainda não tinha colocado o colar.No entanto, para a família, o uso deste sistema é um alívio. Na vivenda onde vive está praticamente isolada.Avizinha do lado morreu há pouco tempo. Nas redondezas apenas existe comércio, como cabeleireiros e pouco mais. Se durante o dia a rua é muito movimentada por ser central, à noite não se vê ninguém. Esta antiga professora e escritora lembra os tempos em que na Amadora as pessoas viviam todas em moradias. “Existia apenas um prédio na Freguesia da Mina e outro na Falagueira”, adianta. Sem descendência directa, esta idosa lá vai recebendo a visita dos primos que, embora afastados, lhe vão prestando algum apoio. Ela que também é beneficiária no Serviço de Apoio Domiciliário da Santa Casa da Misericórdia, é ajudada nos pequenos afazeres do dia-a-dia. Mas, os 38 degraus da sua casa já lhe trazem transtorno, assim como o corredor com 26 metros. “Quando caí tive que me arrastar pelo corredor que é o meu calvário”, adianta. Para a responsável da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, este projecto já salvou vidas. “Temos muitas situações de pessoas que caem e só se consegue chegar até elas desta forma, porque basta carregar num botão. Às vezes o telemóvel não é tão intuitivo. Através do STAPA, do outro lado da linha, o operador tem acesso à ficha do utente e contacta de imediato a instituição ou a família”, conclui Alexandra Andrade.
quarta-feira, 9 de março de 2011
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