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Pedidos de redução e isenção de prestações em crescendo nos jardins-de-infância da instituição
Sinal da crise instalada, estão a aumentar significativamente os pedidos de isenção e de redução das prestações nos 16 jardins-de-infância tutelados pela Santa Casa da Misericórdia de Oeiras (SCMO). Há mais de três anos que os “apertos” se fazem notar, mas de 2009 para 2010 o número de pedidos aumentou 10% no primeiro caso e cerca de 25% no segundo. “Era um fenómeno pequeno e já começa a ter algum significado”, reconheceu ao JR Eduarda Godinho, provedora daquela instituição, não escondendo que “a nossa previsão é que 2011 ainda será pior”, ou não fossem as entidades de solidariedade barómetros da situação da sociedade. Além da solicitação para o “alívio” das prestações, há outra situação em crescendo a preocupar quem tem por missão ajudar quem mais precisa. É que esse objectivo é mais difícil de atingir quando os próprios interessados, por vergonha em relação a um quotidiano a que não estavam habituados, fazem o possível por esconder as suas reais necessidades... “Muitas vezes, acabamos por saber desses problemas pelas crianças, pelo seu comportamento, pelo que dizem na sua inocência, pela alteração nas rotinas alimentares”, explica a provedora, adiantando que à ocorrência desse tipo de situações não é alheia a localização de cada um dos jardins-de-infância (JI). “Mas acontecem agora mais onde antes poucos casos se verificavam, enquanto onde não havia nada a registar passaram a surgir algumas situações para resolver”. Refira-se que a SCMO gere 15 JI no concelho de Oeiras e mais um na Amadora, abrangendo um total de 1750 crianças – sendo a Misericórdia do país (não contando com a congénere de Lisboa que tem uma estrutura de gestão diferente) que mais estabelecimentos destes tem a seu cargo. E mesmo assim, mais houvessem... “O concelho de Oeiras é relativamente jovem e onde temos listas de espera grandes é nos jardins-de-infância! Se tivéssemos mais sete ou oito...”, confirma Eduarda Godinho, depositando esperanças na “promessa do presidente da Câmara de que quando forem concluídas as novas escolas, as antigas ser-nos-ão cedidas para podermos aumentar a nossa actividade”. Se para o funcionamento dos JI a SCMO ainda recebe apoios do Estado, já o mesmo não se verifica nos dois centros de acolhimento aos sem-abrigo que a instituição gere, um em Algés e outro em Paço de Arcos, e que representam um gasto anual de 50 mil euros. E também aqui os efeitos da crise se têm notado, sobretudo por via dos cortes do Governo em subsídios de sobrevivência. Outra área em que a SCMO presta auxílio é na distribuição semanal de alimentos do Banco Alimentar Contra a Fome. “Pagar a renda ainda é a última coisa que as pessoas em dificuldades querem deixar de fazer porque é o seu porto de abrigo. Como o rendimento disponível já está canalizado para a renda, água e luz, algumas pessoas ficam mesmo em risco de fome e para o evitar vêm-nos pedir alimentos”, conta a provedora. Ainda assim, não se pode dizer que tenha havido um aumento dos pedidos de alimentos na Misericórdia – que apoia perto de 200 famílias, actualmente – até porque essa distribuição é feita, no concelho de Oeiras, por uma grande variedade de instituições. Quanto à faixa etária mais avançada, a SCMO gere um centro de dia (S. Vicente de Paulo, em Paço de Arcos) e um centro de convívio. A acção social inclui, ainda, um grupo de visitadores no Hospital/ /Prisão S. João de Deus, em Caxias, composto exclusivamente por voluntários (cerca de 50), e a cedência de um espaço, nas instalações da instituição em Paço de Arcos, para acolher mães solteiras no âmbito da cooperação com a Ajuda de Mãe.
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