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Projecto solidário garante alimentos a 85 pessoas
Enquanto há famílias a passar fome, muitos restaurantes são obrigados, ao fim do dia, a deitarem para o lixo refeições excedentárias. “Sempre me questionei se isto era justo”, lembra Adriana Ribeiro. Entretanto, tomou conhecimento de um projecto em Setúbal que recolhia alimentos nos restaurantes e os distribuía por pessoas carenciadas e foi ver como funcionava. Depois decidiu transportar este apoio solidário para Corroios e, há cerca de um ano, o projecto “Servir um Sorriso” começou a alimentar cerca de 25 pessoas. Hoje são 85 os beneficiários desta medida que conta com o apoio de voluntários, comércio local e várias instituições. “Gostaria que um dia não fosse preciso fazer este trabalho, mas cada vez mais pessoas dependem deste projecto para terem uma refeição”, comenta Adriana Ribeiro, que conta ter ouvido muitos “não” quando começou a contactar com os primeiros restaurantes, pastelarias e minimercados da zona para contribuírem na ajuda a quem passava fome. “Hoje o comércio local está muito mais disponível para contribuir”, e três vezes por semana, cerca de quinze proprietários de lojas de produtos alimentares cedem refeições excedentárias aos voluntários do projecto que fazem a recolha. À segunda, quarta e sexta- feira, grupos de dez voluntários dividem-se, percorrem as lojas para angariar bens destinados a alimentar quem precisa. “Actualmente temos cerca de 50 voluntários que fazem a recolha de alimentos e os distribuem”, explica a coordenadora deste projecto que já abraça outros níveis de apoio social. “Tivemos de alargar a estrutura e prestamos também apoio com distribuição de roupas, apoio psicológico e outros problemas de saúde”. A reinserção no mercado de trabalho tem sido outra das preocupações do “Servir um Sorriso” uma vez que muitos dos que procuram apoio caíram repentinamente no desemprego. “Temos muitas pessoas que trabalhavam na construção civil e até tinham uma vida equilibrada, mas com a quase paragem deste sector ficaram sem meios de subsistência”. Daí “necessitarem de ser orientadas para regressarem ao mercado de trabalho”. Com este esforço a ser cada vez mais conhecido pela comunidade “há quem contacte com o projecto com propostas de emprego”. Esta nova pobreza é também apontada por Nuno Gonçalves, presidente da associação “Ao Encontro de um Sorriso” que, conjuntamente com as paróquias de Corroios e de Vale Milhaços e os escoteiros de Corroios, apoiou o projecto coordenado por Adriana Ribeiro. “Estão a surgir muitas famílias que tinham uma vida estável, mas em consequência da crise económica e financeira do país perderam a capacidade de responder aos seus encargos”. O que se verifica é que as pessoas “para poderem continuar a ter uma casa ficam sem dinheiro para comer, por isso recorrem à ajuda deste projecto”. Aliás, o projecto “Servir um Sorriso” acaba por ser uma resposta mais imediata para pessoas com maior carência, uma vez que a associação mantém em campo o programa “Alimentar um Sorriso”, em conjunto com a Paróquia de Corroios, direccionado para o apoio solidário às famílias. “Uma vez por mês distribuímos um cabaz de alimentos a cerca de 200 pessoas”, refere Nuno Gonçalves, sendo estas “indicadas pela Segurança Social”, que também apoia o programa.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
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