quarta-feira, 13 de junho de 2012

BOMBEIROS DA AMADORA Transportes em lume brando


Corporação vai limitar serviços não urgentes e admite dispensa de funcionários

Apesar de manter o transporte de doentes não urgentes, a Associação dos Bombeiros Voluntários da Amadora (ABVA) reduziu substancialmente o serviço protocolado com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Em causa está a “sustentabilidade” da corporação, caso se mantenham os valores pagos pelo Estado para assegurar este tipo de transporte. “Não dava para continuar a fazer o transporte de doentes, porque o facto de pagarem apenas a viagem de ida não cobre as nossas despesas”, explica Maria Alcide Marques, presidente da BVA. “Antes da introdução das alterações ao valor pago por transporte de doente, éramos nós, as próprias corporações, a gerir os serviços e apesar dos gastos elevados conseguíamos não ter prejuízo”, acrescenta, assegurando que “actualmente, esses serviços são distribuídos pela ARS que o faz de forma aleatória, os doentes podem ser de locais longínquos e necessitar do transporte a horas diferentes e, nessa medida, não conseguimos fazer uma boa gestão do serviço”. A responsável sublinha que para os sócios e para os pedidos particulares, a associação continuará a realizar o transporte. “O problema é que as nossas despesas aumentaram muito e a associação não tem condições para comparticipar parte dos custos dos transportes, toda a verba que obtemos através de subsídios tem de ser canalizada para a área operacional, essa é que é primordial”, justifica. Para já, o transporte mantém-se, mas a ABVA já vendeu uma das suas cinco carrinhas de transporte de doentes. “Estamos a tentar também reorganizar os serviços de modo a afectar os elementos destacados para este serviço a outras funções”. A responsável explica que os tempos não estão fáceis e para continuar a pagar salários aos funcionários da associação, “não vamos poder renovar os contratos a termo de alguns elementos”. As 56 corporações de bombeiros
do distrito de Lisboa anunciaram a suspensão do serviço de transporte de doentes não urgentes contratado pelo Ministério da Saúde, no início do mês. O ministro da Saúde, em declarações à Agência Lusa disse que esta é "uma forma de pressionar o Ministério”. Em Março, o Ministério da Saúde e a Liga dos Bombeiros chegaram a acordo em relação ao transporte de doentes, depois de acertarem o aumento de três cêntimos no preço a pagar por cada quilómetro, que passa para 51 cêntimos, e o aumento do preço da taxa de saída de ambulâncias de 7,5 para até 10 euros, valor que vigora actualmente. Face a este acordo, as 56 associações do distrito de Lisboa aprovaram a 26 de Maio uma proposta dos secretariados de Sintra e Amadora, que contemplava um voto de desconfiança à Liga dos Bombeiros. "Este voto de desconfiança ao conselho executivo da Liga dos Bombeiros deve-se às desastrosas consequências das negociações que tiveram com o Ministério da Saúde relativamente ao transporte de doentes, que já está publicado em Diário da República", disse na altura, o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Lisboa, António Carvalho. Um acordo que, sublinha Maria Alcide Marques, “vem prejudicar em muito as associações de  bombeiros”.  

Milene Matos Silva, com Lusa

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