sexta-feira, 8 de junho de 2012

ALMADA Bombeiros ‘aquecem orelhas’ ao Governo


Dez das 24 corporações do distrito de Setúbal já estão em rotura financeira operacional

Os bombeiros do concelho de Almada estão descontentes com o Governo e afirmaram-no no Dia Municipal do Bombeiro, no passado domingo, 3 de Junho. Perante as três corporações do concelho, o presidente dos Voluntários de Cacilhas afirmou que os bombeiros “deixaram de ser um parceiro, para serem um empecilho para o Ministério da Saúde”. Clemente Mitra criticava as últimas decisões do Governo aplicada ao funcionamento dos bombeiros. “Estamos permanentemente prontos para auxiliar as populações, mas muitos políticos esquecem isso”. E com muitas associações“ em falência” questionava: “Quantas irão sobreviver?”. E acrescentava outra questão para os governantes pensarem: “Quem vai socorrer as populações?”. Com tudo isto “o fim do voluntariado está à vista”, afirmava. A última acha para a fogueira das relações entre as corporações de bombeiros e o Governo veio com a portaria que regulamenta o transporte de doentes que saiu em Diário da República a 15 de Maio e teve publicação revista a 1 de Junho. Esta cria o Veículo de Transporte Simples de Doentes (VTSD) que permite que um doente, salvo algumas excepções, pode ser transportado por uma qualquer viatura de nove lugares, conduzida por alguém que não precisa de ter conhecimentos de socorros. “Os bombeiros hoje têm viaturas extremamente bem equipadas, pessoal formado, mas para o Ministério da Saúde isto de nada serve”. Com esta portaria, “a mesma viatura pode ir buscar peixe à Ribeira de madrugada, depois transportar doentes para as clínicas e a seguir carregar tijolos para uma obra”, ironizava Clemente Mitra que vê nesta decisão a “asfixia das corporações de bombeiros”. E quase asfixiadas estão já “dez das 24 corporações de bombeiros do distrito de Setúbal, em rotura financeira operacional”, afirma o presidente da Federação os Bombeiros do Distrito de Setúbal. O clima de descontentamento para com o Governo continuou com a presidente da Câmara de Almada. Maria Emília de Sousa que foi elogiada por Eduardo Correia e Clemente Mitra pelo apoio que o município tem dado às três corporações de bombeiros (Almada, Cacilhas e Trafaria), começou por lembrar os 67 bombeiros do país que nos últimos 11 anos faleceram em defesa das populações. E após um minuto de silêncio, afirmou que “o que está a ser feito neste país é um absoluto desprezo. Isto é destruir”, afirmou. Durante o Dia Municipal do Bombeiro em Almada apresentaram-se 26 novos bombeiros, e foram entregues medalhas de Ouro, Prata e Bronze a 18 bombeiros pelos serviços prestados. A Medalha de Ouro de Bons Serviços prestados à causa pública foi entregue pelo município ao vice-presidente da direcção da Associação Reviver Mais, José Francisco do Rio França de Sousa.  
Humberto Lameiras

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