quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Oeiras já tem 150 esculturas

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Investimento não agrada a todos Um busto, uma estátua ou outra peça simbólica compõem as 150 esculturas que decoram Oeiras, um motivo de orgulho para a Câmara, mas contestado por alguns munícipes que preferiam ver o espaço público preenchido com "coisas mais úteis". Umas discretas, outras visíveis a longa distância, umas mais perceptíveis e outras abstractas, simples ou muito elaboradas, de um autor famoso ou nem tanto. A cada quilómetro quadrado encontram-se três esculturas, o que faz de Oeiras um dos municípios com maior concentração destas peças no país. Contudo, este dado, de que a Câmara de Oeiras se diz orgulhar, não tem grande significado para alguns munícipes ou para a Associação Cultural de Oeiras Espaço e Memória, que, embora valorize todos os investimentos na arte, considera algumas esculturas "desnecessárias". "É sempre importante investir na cultura e aí valorizamos o esforço da Câmara, mas a verdade é que há coisas que são dispensáveis e parecem ser apostas forçadas e sem interesse", disse à Lusa o vice- presidente, José Meca. Como exemplo, apontou o "investimento avultado e desnecessário" no conjunto escultórico de comemoração dos 250 anos de atribuição do foral ao município pelo Marquês de Pombal, uma obra que custou mais de um milhão de euros. Localizada na Rua Dr. José da Cunha, em Oeiras, o conjunto de esculturas em pedra, inaugurado há cerca de cinco meses, é para muitos moradores daquela zona "um exagero" que "não serve para nada". "Se ainda aqui tivessem posto uns bancos de pedra para as pessoas se sentarem ou qualquer coisa para os miúdos brincarem… Agora, isto assim são umas paredes que aqui estão que não servem para nada", disse Pedro Barreiros à Agência Lusa. A mesma opinião tem a proprietária de uma loja de decoração, que, embora reconheça o "bom trabalho" feito no Parque dos Poetas, considera aquela obra um "exagero" que "não agrada a ninguém". Já na rotunda de Queijas, está também uma estátua de grandes proporções de S. Miguel Arcanjo, mas em que muitos já nem reparam. "A verdade é que já nem ligo. Isto está numa rotunda e tem impacto quando se vem a primeira vez, mas depois já ninguém olha", afirmou João Sousa, sublinhando que "os tempos não estão para se investir em estátuas". A jovem Patrícia Oliveira, residente em Carnaxide, considera o número de esculturas "elevado" e defende novos investimentos dirigidos aos jovens: "Acho que se podia apostar na juventude, disponibilizar espaços para artistas poderem utilizar a sua arte urbana para pintar algumas paredes, por exemplo. Em vez de construir estátuas deviam apostar em espaços mais inovadores". Também Catarina Matos, 24 anos, defende que a valorização do espaço público não passa pela colocação de estátuas, mas pela "recuperação de espaços que não estejam tão bem cuidados" e por "investir em eventos de animação". A Câmara tem previsto encomendar mais obras de arte para decorar o concelho e, segundo o presidente do executivo, Isaltino Morais, a crise não pode ser desculpa para tudo. "Não é por vivermos em tempos de crise que deixamos de valorizar o espaço público. É fundamental investir na valorização do património", afirmou à Lusa. Recentemente, foi inaugurado em Miraflores o conjunto escultórico relativo aos Doutores da Igreja. Para este ano está ainda previsto inaugurar a escultura ‘A flor e o fruto’, um investimento de 111 mil euros. Além disso, segundo a autarquia, há projectos em estudo para encomendar novas esculturas de homenagem aos Escuteiros Baden Powel (Caxias) e aos dadores de sangue (Queijas).

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