quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Menos carbono, mais Sintra

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Parques de Sintra promove projecto BIO+Sintra até ao final de Agosto de 2013 Como objectivo de reduzir a pegada de carbono dos visitantes e valorizar a biodiversidade, a Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) está a desenvolver o projecto BIO+Sintra, uma das acções financiadas pelo Programa Life da Comissão Europeia que, através de plataformas inovadoras de comunicação e informação, pretende mudar atitudes que conduzam à preservação do ambiente e contribuir para a diminuição das emissões de carbono na Serra de Sintra. Com um investimento na ordem de um milhão de euros, financiado a 50% pela CE e o restante pela PS-ML, o projecto arrancou em Setembro de 2010 e decorre até ao final de Agosto de 2013. "O objectivo geral deste projecto é o de desenvolver na Paisagem Cultural de Sintra uma experiência-piloto que possa ser utilizada noutros locais, que resulte numa mudança de atitudes de forma a diminuir as emissões de carbono, sob o lema ‘menos carbono, mais Sintra’", explica Maria Inês Moreira, coordenadora do projecto. O BIO+Sintra pretende assim, segundo esta técnica,melhorar a compreensão da comunidade para as questões relacionadas com a biodiversidade, as alterações climáticas e as emissões de carbono. "As pessoas aprendem e depois ficam sensíveis aos problemas" e para a importância de uma dezena de valores naturais da Paisagem Cultural de Sintra. Após a aprendizagem e a sensibilização, é tempo de fazer. "Tomar atitudes de forma a contribuir para a valorização desta biodiversidade", reforçou esta responsável. Tendo como públicos-alvo os visitantes e os alunos de escolas de Sintra e Cascais, o projecto pretende alcançar uma redução de 128 mil toneladas de carbono, através da mudança de atitudes, como sejam, por exemplo, uma maior utilização dos transportes públicos na visita aos parques históricos ou no dia-a-dia. Está previsto ainda que 20 hectares de floresta sejam adoptadas, simbolicamente, por empresas e associações para acções de sequestro de carbono. Como principais acções a desenvolver nos próximos dois anos, estão a realização de ‘workshops’ e saídas de campo, nos parques da Pena e de Monserrate e na área do Convento dos Capuchos,"com objectivos tão diversos como a colocação de rampas para que os anfíbios não se afoguem, a colocação de abrigos para o escaravelho Vaca-Loura, a instalação de comedouros para as aves e acções de reflorestação". O projecto contempla, ainda, os percursos Talking Nature, "dando ilusão de que ‘a natureza fala connosco’", com a disponibilização de informações multimédia sobre os ‘habitats’ e as espécies em destaque em diferentes itinerários nos parques de Monserrate e da Pena. Para reduzir a pegada de carbono na deslocação à área classificada como Património Mundial, o ‘website’ do projecto, assim como quiosques multimédia instalados em pontos-chave dos parques históricos, vão permitir calcular a pegada de carbono que resulta da visita a Sintra. "A pessoa faz esse cálculo e recebe sugestões: em vez de vir de carro, venha de autocarro". Em alternativa, será recomendada ainda a utilização de uma nova rede de percursos pedestres, devidamente sinalizados e infra-estruturados com casas de banho e locais de abrigo e descanso. "A ideia é que a pessoa possa ir da Pena até aos Capuchos sempre a pé", salienta Maria Inês Moreira. "Não queremos vender a ideia de que a natureza é intocável, antes pelo contrário, venham, conheçam mas de forma sustentável". Os visitantes vão ser convidados, também, a participar em oito concursos e exposições de fotografia, alusivos aos temas da biodiversidade em cada estação do ano. O projecto BIO+Sintra revela-se importante para fazer face às alterações climáticas, que já motivaram a realização de um plano estratégico por parte da Câmara de Sintra, que perspectivou as consequências do fenómeno sobre, por exemplo, a biodiversidade. O plano alerta para o aumento da vulnerabilidade dos ecossistemas, com espécies em perigo como os répteis (lagarto-de-água), anfíbios (sapo-parteiro), peixes de água doce (boga-portuguesa) e invertebrados (escaravelho Vaca-Loura), enquanto a maior ameaça de fogos florestais, também em consequência do aumento médio da temperatura, faz prever uma maior proliferação de espécies invasoras como acácias. João Carlos Sebastião

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