Pequenas empresas familiares estão condenadas a desaparecer
A redução do número de trabalhadores nas grandes empresas e o desaparecimento de pequenas unidades de carácter familiar é a triste realidade do sector das rochas ornamentais, que domina a zona norte do concelho, com especial enfoque nas freguesias de Pero Pinheiro, Montelavar e Terrugem. À semelhança do que sucede em vários sectores da economia, a crise bateu à porta e está a provocar graves consequências no tecido social da região. Se os tempos áureos do sector, que emprega actualmente cerca de dois mil trabalhadores, há muito ficaram para trás, o novo ano veio trazer ainda mais preocupações aos empresários e, por arrasto, aos trabalhadores. Em causa, a quebra acentuada do mercado interno, decorrente da paralisação da construção de habitação, a par de constrangimentos na área da exportação. Com o mercado árabe a fechar fronteiras, as empresas portuguesas deparam-se com uma feroz concorrência dos países asiáticos. Face à diminuição do volume de negócios, as pequenas empresas, que gravitam à volta das grandes unidades, estão condenadas a desaparecer. “As empresas que vivem exclusivamente com o mercado interno, unidades até dez trabalhadores, não vão ter hipótese de sobreviver”, acentua José Raúl Amaro, vogal da ASSIMAGRA (Associação Portuguesa dos Industriais de Mármore, Granitos e Ramos Afins), que dispõe de uma delegação em Pero Pinheiro. “As empresas maiores, que trabalham com o mercado externo, também vão ter de reduzir o seu pessoal”, sentencia este responsável. Mesmo o mercado externo já não representa o filão de outros tempos. “O mercado árabe fechou, cancelou tudo o que eram encomendas”. Na Europa, apesar da redução estimada em cerca de 50 por cento, “o mercado ainda mexe alguma coisa” e, mais do que isso, “há uma calendarização de pagamentos, não tem nada a ver com o nosso mercado em que, nesta altura, ninguém paga a ninguém”. “Portugal já não conta para esta estatística, porque praticamente não há encomendas, não há obras”, lamenta José Raúl Amaro, apontando o dedo à crise do imobiliário. “Até ao final de 2008, algumas empresas fizeram um esforço para se manterem. No início do ano, algumas estão a encerrar e outras estão a despedir”, reforça o vogal da ASSIMAGRA, que, à semelhança de outros protagonistas do sector das rochas ornamentais, não consegue vislumbrar uma luz ao fundo do túnel. Com empresa instalada em Pero Pinheiro há meio século, José Raúl Amaro reconhece que tem trabalho até Março. “Depois disso, é a incógnita total, é a procura do mercado”, sublinha este empresário. Com aproximadamente 25 trabalhadores, considerada como uma empresa de média dimensão, a José Joaquim Amaro & Filhos exporta para França, Bélgica, Alemanha e Inglaterra.(...)
(...) Continuação nas páginas 6 e 7 do Jornal da Região da Sintra 162, de 17 a 23 de Fevereiro de 2009
3 comentários:
Se o Governo deu apoio de milhões e milhões à Banca, também deveria apoiar sectores estratégicos para a vitalidade da nossa economia. Este é um deles. Parabéns pela magnífica reportagem do Jornal da Região.
E o que tem feito a Câmara de Sintra para ajudar os empresários do concelho? Nada. Apenas lança novas taxas e impostos municipais, não dá apoios nem incentivos e ao não desenvolver o concelho faz com as maiores empresas se desloquem para outras paragens, como Oeiras, por exemplo.
Aperta sempre para o lado dos mais pequenos... que são quase sempre os que mais trabalham e mais se dedicam à actividade.
Triste realidade a nossa!!
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